#PROTESTOMATERNO
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#PROTESTOMATERNO


Atenção, precisa ter olhos firmes
Pra este sol, para esta escuridão

Fomos 1,2 milhão nas ruas ontem, segundo dados oficiais. As fotos no entanto, mostram mais, muito mais do que a mídia nos apresenta. Alias, acho que as fotos e relatos das redes sociais e de pessoas que estiveram lá, nos mostram mais, muito mais mesmo, do que o discurso redondinho que a mídia vem formatando ao longo desses 10 dias de mobilização nacional.

Aliais, é interessante ver como, diferente dos nossos políticos, que ainda se mostram estarrecidos e sem saber como lidar com essa turma que está nas ruas, o nosso 4º poder, não só já traçou perfil, identificou pontos fracos e gradativamente, vem enquadrando, um movimento que nasceu para não ser enquadrado. Se no inicio, eram os 20 centavos (que nunca foram), agora já se sussurram nas alcovas (#beijosChico), rumores de Fora Governo. 

E um movimento que nasceu sem líderes, de parto natural, concebido e gestado num ambiente de insatisfação e gritos surdos, de repente, começa a ser "adotado" por interesses tão espúrios, como os que o próprio movimento combate.

Atenção para o refrão
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte

Nesse perfil, já traçado, somos subdivididos em grupos. Temos os vândalos, que quebram tudo de maneira indiscriminada, numa raiva latente e que não é para ser entendida (ou atendida), mas reprimida. Sempre.
E temos os manifestantes, as figuras de branco, que levam cartazes genéricos, que cantam e dançam a mudança, são apartidários e apolíticos (sem nem entender bem o que isso significa), que tem suas palavras de ordem, contra os partidos e as instituições sociais, serem sublinhadas e reforçadas na mídia, e nem se perguntam porquê. As bandeiras são muitas, o foco pouco. E, é exatamente a ausência deste, que permite aos primeiros crescerem e darem a tônica dos movimentos. Grandes manifestações festivas no inicio e turbulentas no final.

Atenção para a estrofe e pro refrão
Pro palavrão, para a palavra de ordem
Atenção para o samba exaltação

Mas, afinal, o que queremos? A triste realidade é que nas últimas décadas, entre política e sociedade foi se criando um afastamento, que em 2013 tem seu ápice. Nosso sistema representacional seria, num precário exemplo, como se nós donos da casa, contratássemos funcionários para administrá-la. Logo, como em toda relação patrão/empregado, cabe ao primeiro dizer o que quer e como quer, e o segundo providenciar o serviço da melhor maneira possível. Ao primeiro cabe fiscalizar o segundo para ver se o serviço está sendo feito de maneira correta, intervindo em caso contrário.

Acontece, que em algum momento essa lógica se inverteu, e o que deveria representar passou a ignorar aqueles que o colocaram ali. Hoje, o discurso político se perde entre si. Surdos para os que gritam do lado de fora. Mesmo nas eleições, há uma surdez seletiva. Muitas promessas, que são facilmente esquecidas no momento da posse, ou devido a acordos partidários, que não levam em conta os anseios dos seus eleitores, ou devido a corrupção, mal que não se restringe ao parlamento, tampouco aos políticos, mas é uma ferrugem que vem corroendo os alicerces de. na sociedade brasileira.

E a gente vem tentando ser ouvido, não é de agora: gritamos quando vimos políticos corruptos não serem presos, mesmo após julgados e condenados. Gritamos, quando vimos um político oportunista assumir a presidência do Senado. Gritamos quando percebemos que os eventos esportivos a serem feitos no nosso país, servem apenas para maquiar o país para o mundo, garantem uma polpuda caixa2 para muitos políticos e dirigentes esportivos e para isso, desviam recursos da educação, saúde, habitação etc

Continuamos gritando quando um homofóbico, racista e misógino, chamado Marcos (in)Felicano assumiu a Comissão de Direitos Humanos. E, como o grito insistia em não ser ouvido, fomos pra rua, quando aumentaram as passagens. Porque mesmo 20 centavos, passa a ser tudo, quando não se tem mais nada.

A
Atenção
Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso

E, o que vemos nas ruas, é exatamente isso, gritos tantos que destoam, mas se unem no compasso dos passos. Ou pelo menos se uniam. Pois de repente, mais forte do que exigir mudanças estruturais, fica o anti-partidarismos - não, eu não errei o termo, apartidários, são todos os que não tem partidos, mas aqueles que exigem que bandeiras sejam retiradas e militantes partidários sejam expulsos da passeata, (ignorando, que muitos deles, foram os que abriram trilhas para esses que estão na rua hoje), são anti-partidários. 

Não é a política que é ruim. Pois afinal de contas, o homem é um ser político. O errado é não cobrarmos desses que foram eleitos de maneira democrática, aquilo que foi acordado durante o processo eleitoral. É dizermos em tom alto e bem claro, que não assinamos um cheque em branco, ao confirmarmos o nosso voto na urna. 

E isso pode ser dito nas ruas, pode ser dito nas redes sociais, pode ser dito nas reuniões para discutir pautas do congresso, e mais importante de tudo, pode e deve ser dito por todos, independente de credo, etnia, ideologia, preferências sexuais etc 

Não podemos alijar pessoas que defendem e que lutam pelas mesmas coisas que queremos, porque elas são de partido A ou B. Se estão nas mobilizações para somar, por que não?

Atenção para as janelas no alto
Atenção ao pisar o asfalto, o mangue
Atenção para o sangue sobre o chão

E para finalizar, acredito que toda mobilização precisa de um norte. Não precisa ser uma liderança, como exigem a mídia e os nossos políticos, mas pelo menos pessoas de frente que possam falar sobre o que queremos. Não é pelos 20 centavos. Então o que queremos mesmo? Quinhentos mil itens, é muita coisa, e vira nada, quando se quer mudanças. Que não se faz num dia, nem em um semana.
Eu sei o que quero, e é por isso, que luto: 
E, acima de tudo, quero um país melhor pro meu filho. Por acreditar nisso, luto, da maneira que posso, em todo tempo que tenho.

Mas, isso sou eu. Sei que muitos também lutam por isso, outros acrescentariam itens. E assim que se faz uma pauta de reivindicações, junto um pouco do que quero, com mais um pouco do que o outro quer, enxugamos coisas e com um denominador comum, apresentamos aos destinatários competentes.

E, com um pouco da experiência que tive em mobilizações sociais. Passeata sem fim, estimula vândalos, que buscam extravasar sua raiva e frustração. Acho que é o que está faltando nas passeatas é uma finalização. Seja uma vigília na frente de um prédio simbólico, seja acendermos velas neste mesmo prédio, seja um enterro simbólico da educação, saúde, copa, etc Mas algo que permita um clímax concreto e não deixe apenas uma sensação de vazio, após a caminhada.
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Essa post faz parte da Blogagem Coletiva #PROTESTOMATERNO da qual, fui convidada a fazer parte.

A ideia é fazer com que nós, mães que não podemos irmos à rua nas manifestações, possamos também mostrar que queremos mudanças!

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(Música utilizada para pontuar: Divino Maravilhoso - Gal Gosta)




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