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"SOMOS SUA FAMÍLIA, AMAMOS VOCÊ, MAS TEM QUE SER UMA MOÇA VIRGEM"
A T. tem 16 anos e me enviou este relato:
Bem, o que vou lhe contar é algo que acontece muito, porém passa despercebido. No meu dia-a-dia, presencio muito machismo. Em todo lugar, na escola, no curso e infelizmente dentro de casa.
Sou de uma família humilde, moro em um ótimo lugar, estudo em escola pública e tenho ótimas notas.
Minha mãe, uma mulher, negra, sem estudo e trabalhadora, só tem um problema: ela é uma das pessoas mais machistas que conheço. Meu pai é branco, com ensino superior, e é o cara mais machista que eu conheço. Eu namoro um cara bem bacana, pró-feminista, me apoia em tudo, é carinhoso e o único problema é que não moramos na mesma cidade. Quando eu comecei a namorar com ele, lembro que minha mãe dizia para o meu pai: “Eu só deixo ela namorar por que eu posso controlar a sexualidade dela, quero ela virgem até os 19 anos”.
Logo no início do meu relacionamento, meu pai costumava conversar com meu namorado através do Facebook. Até aí normal, até que meu pai resolveu dizer coisas como: “Filha minha é pra casar”.
“Se ela aparecer aqui e dizer que não é mais virgem, vou considerar traição”.
“Eu espero que você entenda, não quero que faça sexo com minha filha”.
Lola, por que minha vida sexual, que até então nem tinha sido iniciada, importava tanto pro meu pai? Isso me matava de vergonha. Se eu te falasse que minha mãe NUNCA falou sobre proteção comigo, você acreditaria? Acredita que segundo minha mãe, a única forma de proteção contra gravidez, e aids, é ter um pai que fique de olho? Pois é, isso está de chorar.
Hoje eu não sou mais virgem, mas meus pais não fazem ideia. Nunca fui ao ginecologista. Esses dias ouvi meus pais conversando sobre meu relacionamento. As falas do meu pai foram:
“Enquanto eu estiver vivo, ela não decide por si só, eu sou dono da minha filha”.
“Eu espero que ela case com esse namorado dela, pois minha filha é moça de família”. E a minha mãe:
“Ela que não seja cega. Depois que ele comer ela, ela não vai ter essa atenção toda”.
Minha mãe falou a respeito dos presentes que eu ganho:
“Precisa segurar ela, porque mulher é tudo safada”.
Um tempo atrás eu havia pedido para minha mãe se eu poderia dormir com meu namorado, já que só o vejo uma vez por mês. Adivinha? Ela discute comigo por isso até hoje. Se eu te falasse que quando meu namorado vem dormir aqui em casa, minha mãe me tranca em um quarto, e deixa meu pai dormir no mesmo quarto que meu namorado, você acreditaria?
Essa situação me desgasta. Minha própria família me trata como se eu fosse um objeto. Eles acham que namorar se resume a sexo. Desde que eu era pequena, meus pais nunca me deixavam brincar com meninos: “Não quero saber de amizade com menino, se eu descobrir que você fica de rolo com moleque, você vai dormir quente de tanto tapa”.
Sabe o que me chateia? Não adianta eu debater com eles, principalmente meu pai, que leva tudo pra base da “porrada”.
Eu prometi a mim mesma que vou me esforçar o máximo para ir morar sozinha assim que eu fizer 18. Quero fazer faculdade em outra cidade, vai ser bom pra mim e pra eles. Segundo o meu pai, ele não queria ter uma filha mulher: “mulher dá mais trabalho, engravida e é tudo chata, eu preferia ter um menino”.
Eu me revoltei tanto com essa situação, que raramente converso com meus pais. Sou isolada deles dentro da minha própria casa. E mesmo assim, esses dias, meu pai ameaçou me espancar, e me matar, por eu ter dedurado que ele traía a minha mãe, coisa que eu sempre soube, mas quando eu falava, ninguém dava moral. Mesmo que hoje tenha muitas brigas dentro de casa, minha mãe simplesmente não pede divórcio. Meu pai já bateu em mim de eu ficar com o rosto roxo e inchado. Olha só, que ironia, né? O homem que zela pela minha sexualidade faz um monte de coisas escondidas da esposa. Não consigo acreditar que sou filha desse homem, que agora não quero chamar de pai.
E ele me pergunta direto: “Por que você não fala comigo?” Lola, eu estou te mandando esse relato porque acho que você é a única que não vai virar pra mim e dizer: “São seus pais, eles fazem tudo certo”.
E isso é o que eu vivencio nos meus momentos de família.
Meus comentários: Tem razão, T., vou falar outra coisa. Seus pais estão fazendo tudo errado. Pai e mãe devem motivar os filhxs a serem independentes em todos os sentidos. Não falar sobre proteção, achar que vigiar e punir dá conta da sexualidade das meninas (porque seu pai, se tivesse filho, provavelmente seria do tipo que levaria o guri pra perder a virgindade com uma prostituta aos 15 anos), é o pior e menos eficaz tipo de educação sexual que se pode dar. Imagino como deve estar insustentável a situação pra você aí. Minha sugestão é que você se envolva o mínimo possível na vida familiar. Nada de dedurar seu pai ou enfrentá-lo, pelo menos por enquanto. Nada de pedir permissão pra sua mãe pra qualquer coisa, ou contar seus planos. Tudo tem seu tempo. Quando você for independente, aí sim será o momento de falar com eles, debater, e mostrar-lhes como eles estavam errados. Infelizmente, o tipo de mentalidade dos seus pais ainda é bastante comum. Mas a gente está lutando pra mudar isso. Agora é realmente seguir o que você planejou, que é passar numa universidade e ir morar longe deles. Não é fácil, mas é possível, e eu espero muito que você consiga.
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