A “economista” neoliberal Kátia Abreu
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A “economista” neoliberal Kátia Abreu


Por Altamiro Borges

Em sua coluna na Folha do último sábado (18), a ruralista Kátia Abreu, senadora do PSD e presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), resolveu dar uma de economista. Já no título do artigo, ela alerta o governo sobre “o perigo de flertar com a inflação”. O texto é um amontoado de teses neoliberais, que tantos estragos causaram ao Brasil.

Para ela, é um absurdo que a inflação de 2011 tenha ficado exatamente no teto da meta estabelecida – de 6,5%. Em sua opinião, “o Banco Central precisa fazer com que a inflação convirja consistentemente para 4,5%” neste ano. Para isso, ela sugere – num linguajar rebuscado, típico de alguns economistas – mais aperto fiscal e mais juros.

O fantasma das “expectativas inflacionárias”

“O controle da inflação exige a combinação de disciplina fiscal e monetária. Mas os economistas ensinam que isso não é suficiente. As expectativas dos agentes econômicos também desempenham papel fundamental na tarefa de controlar a inflação”, arremata. Neste ponto, a sua crítica direta é a última ata do Banco Central, que criou a “expectativa” de um novo corte na taxa de juros.

“O comportamento do BC em sua comunicação com o mercado e com os agentes econômicos tem criado a suspeição de que a instituição não estaria de fato empenhada em levar a inflação para o centro da meta... A previsão feita na mais recente ata do Comitê de Política Monetária, de que a Selic irá para um dígito, ajuda a piorar as expectativas inflacionárias”.

Ruralistas associados com os rentistas

Ou seja, depois de muito enrolar, Kátia Abreu deixa explícito que é contra a redução da taxa básica de juros, a Selic. Ela ainda deixa implícita uma ameaça ao presidente do Banco Central. “Como disse corretamente a presidente Dilma na mensagem que encaminhou ao Congresso por ocasião da abertura dos trabalhos legislativos de 2012, a condução da política econômica neste ano exigirá ‘disciplina e ousadia’. Ousadia inclusive para cortar pela raiz qualquer flerte com a inflação”.

Será que a maioria dos agricultores brasileiros, que sofre com os juros altos, concorda com as teses neoliberais da presidenta da CNA? Ou ela fala por uma minoria de ruralistas, que hoje já está associada ao capital financeiro? Será que o PSD de Gilberto Kassab, que diz que “não é nem de esquerda, nem de direita e nem de centro”, concorda com as opiniões da vice-presidente da legenda?

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