Por Altamiro BorgesPela sétima vez consecutiva, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou nesta quarta-feira (15) a taxa básica de juros, a Selic, de 10% para 10,5% ao ano. Um verdadeiro crime, que beneficia uma minoria de rentistas em detrimento da geração de emprego e renda no país. Até abril de 2013, a taxa de juros sofreu acentuada redução – chegou a 7,25%, o nível mais baixo desde que o Copom foi criado, em 1996 –, o que sinalizou uma mudança de postura da área econômica do governo Dilma no enfrentamento da ditadura financeira. De lá para cá, porém, a brutal pressão dos banqueiros e da mídia rentista fez com que o Banco Central cedesse covardemente na sua política monetária.
O sétimo aumento da Selic terá impacto direto nas contas públicas, com a elevação da dívida da União, e no crescimento da economia. Juros mais altos afetam a produção e consumo internos, com efeitos negativos na geração de emprego e renda. No ano passado, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) já foi pífio. Com a manutenção da política monetária restritiva, a tendência é que a economia também não decole em 2014. Para os que fazem fortuna com a especulação financeira – o 1% de ricaços do país –, a alta dos juros é motivo de festança. Já para a maioria dos brasileiros, que vive do seu trabalho, a decisão de hoje do BC só deve gerar preocupações com o futuro de seus empregos e de sua renda.
Para piorar, ao final da primeira reunião deste ano, o Copom ainda divulgou um comunicado em que afirma que a decisão de elevar a Selic em 0,50 ponto percentual foi tomada por unanimidade e que o comitê dará “prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros”. Para os tais analistas do mercado – nome fictício dos porta-vozes dos rentistas –, o comunicado oficial indica que novas altas poderão ocorrer em 2014. Com isto, o Brasil se mantém na liderança incontestável – e vergonhosa – da taxa de juros mais alta do planeta e ainda segue na contramão do restante dos chamados países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Estudo divulgado em meados do ano passado revelou que entre os 13 países que alteraram a sua política monetária em 2013, apenas o Brasil e o Egito elevaram os seus juros. “Outras 11 nações, como Índia, México, Colômbia e Austrália, reduziram os juros para estimular suas economias. O mesmo ocorreu na zona do euro, que reduziu sua taxa de 0,75% para 0,5%”, registrou na ocasião o jornalista Álvaro Fagundes, da Folha. Apesar disso, o Banco Central volta a ceder à ditadura do capital financeiro. Os estragos podem ser grandes, inclusive do ponto de vista eleitoral.
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