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A busca por audiência para TV Brasil
Do sítio do Centro de Estudos Barão de Itararé:
De que adianta acreditar que sua mensagem é boa, se ela mal chega à massa? Essa é a premissa de trabalho do novo diretor-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o jornalista Nelson Breve, para a TV Brasil, rede pública de televisão federal criada há quatro anos. O primeiro passo é admitir graves problemas com o sinal de transmissão, o que já motiva uma obra em Brasília para promover a troca do Rio pela capital federal como sede da emissão do sinal. Também quer saber quem são e quantos são seus espectadores em todo o País, termômetro que o Ibope ainda não lhe dá com precisão.
Na última sexta-feira, Nelson Breve emprestou duas horas de sua agenda à reportagem do jornal Zero Hora, no bairro da Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, onde ficam os estúdios da TV Brasil na capital paulista. Eis um resumo da nossa conversa:
O Boni (ex-vice-presidente na Globo) disse no Roda Viva que desistiu de ser conselheiro da TV Brasil porque, ao chegar à primeiro reunião, houve um atraso de duas horas. Passou a ideia de um negócio muito desorganizado.
Eu tenho certeza, lendo o livro dele, que o início da TV Globo foi muito mais bagunçado do que o início da TV Brasil. Hoje, as Organizações Globo são muito mais organizadas. Estamos começando agora, atrasados, é verdade, mas ele está certo em muito do que diz sobre a comunicação pública.
Quando diz que a TV pública precisa ter cara de televisão?
Acho que ele tem razão quando diz que nós temos de fazer uma programação de qualidade. O modelo de qualidade no Brasil é a TV Globo, mas ele diz: “O conteúdo tem que ser diferente”. E é verdade. A TV privada dificilmente vai apostar em determinados conteúdos. Eu reforço a programação infantil. Não tem nenhuma programação infantil na TV aberta brasileira com a qualidade da TV Brasil.
Nem a TV Cultura?
Mas a TV Cultura tem uma quantidade menor. A TV Cultura tem uma boa presença aqui, mas nós temos uma rede.
Mas o sinal, o áudio, em especial, ainda é muito ruim. Há como resolver esse problema?
Se não tivesse como resolver, eu não estaria nem aqui. Toda a nossa cadeia produtiva está em digital. Temos transmissores novos, mas como não há exibidores digitais, fizemos uma licitação e já estamos contratando. Ocorre que houve um recurso na licitação e não consegui usar o orçamento do ano passado para isso. Mas não é só. De onde sobe o sinal? Sobe do Rio. Para subir, o caminho até as torres de transmissão é tão complicado – os técnicos já percorreram esse caminho muitas vezes e não encontram o problema. Então, estou preparando a subida do sinal por Brasília. A gente está tentando terminar uma obra lá. Sempre tem licitação, a empresa não dá conta, tem que refazer… A subida do sinal em Brasília depende dessa obra.
Fica pronta ainda este ano?
Olha, eu estou terminando a obra, mas não tenho condições de prometer nada para este ano porque no ano passado nós tivemos um corte no nosso orçamento de R$ 73 milhões.
Qual o orçamento da TV hoje?
R$ 400 milhões. Três quartos vêm do tesouro e um quarto vem de receita própria. A receita vem do serviço que a gente presta ao governo federal.
A necessidade de licitar tudo não vai contra o ritmo da TV?
É muito complicado. Qual é o nosso principal problema agora? Tecnologia da informação. Tem que investir muito em aplicativos. E a cada seis meses aparece uma novidade que suplanta a outra. Aí você faz uma licitação que vale por 60 meses e 6 meses depois está amarrado a uma tecnologia que não serve mais. Nossa área de desenvolvimento é pequena. Fizemos um concurso, mas a gente não consegue que um cara de ponta na área do desenvolvimento de softwares de aplicativos trabalhe por R$ 1.800 iniciais.
Qual é a audiência da TV Brasil hoje, no País todo?
A gente faz o que acha que é uma boa programação, mas precisamos fazer com que essa programação seja vista. Aqui, em São Paulo, nossa audiência é baixíssima – 0,1 ponto (porcentual). A questão da “TV Traço” é uma realidade. No Rio, a gente tem 0,7. Em Brasília, 0,3. Mas no Rio o canal é TV educativa há muito tempo. No PNT (Painel Nacional de TV do Ibope), temos 0,2 ponto, mas isso considera a TV Brasil só em São Paulo, Rio e Brasília. As TVs educativas, privadas e universitárias que carregam nossa programação em todo o País não são computadas como TV Brasil. O Ibope alega que é um negócio meio complicado, mas vamos tentar resolver. Não é para a gente se valorizar, é para saber aonde a gente chega. Eu quero me comparar, quero ver o que está sendo recebido. O que não pode ser medido não pode ser avaliado.
* Fonte: Zero Hora
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