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A caminho da estagflação - CLÁUDIO FRISCHTAK
O Estado de S.Paulo - 30/05
Ainda não foi desta vez. O crescimento do PIB do primeiro trimestre tocou no extremo do espectro das estimativas mais pessimistas, e é na realidade uma péssima sinalização para o restante do ano. A rigor, o ano de 2013 ainda não está "contratado", ou seja, ainda é cedo para se fazer previsões, mas as indicações são de que será melhor do que 2012, mas não muito - uma aposta numa expansão de 2% ou pouco mais estaria no limite do razoável, permanecendo contudo abaixo do potencial da nossa economia.
O que está arrestando o crescimento do País? Uma conjugação de perda acelerada de competitividade na indústria por força de uma escalada de custos de bens e serviços não transacionáveis, e uma inflação que vem corroendo o poder de compra principalmente daqueles que foram responsáveis pelo dinamismo do consumo das famílias nos últimos anos - a chamada nova classe média.
O resultado é que a economia brasileira se vê cada vez mais dependente, pelo lado da oferta, de setores com fortes vantagens comparativas capazes de compensar custos crescentes; e, pelo lado da demanda, do consumo das famílias e do governo. Quando uma dessas forças fraqueja, a economia perde o impulso. Nesse último trimestre a agricultura teve um excelente desempenho; o consumo estagnou; e o setor externo contribuiu negativamente para o crescimento do PIB.
E o investimento? Sem dúvida, junto com a agricultura, foi o componente (nesse caso dos gastos) que não frustrou as expectativas. A taxa de investimento chegou a 18,4% do PIB, um ganho de 0,3% ante os resultados de 2012. Mas infelizmente ainda não é hora de comemorar. A aquisição de máquinas, equipamentos e veículos vem sendo estimulada por preços e condições de financiamento excepcionais aqui e no exterior. Ampliar esses ganhos daqui para a frente vai depender do outro componente de investimento: a infraestrutura, onde continuamos sendo um ponto fora da curva.
Se o governo for bem-sucedido em deslanchar as concessões e atrair o setor privado, e superar as sucessivas dificuldades de formulação e operacionalização do programa, talvez seja possível que o investimento finalmente dê uma contribuição mais significativa ao crescimento do PIB.
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