A campanha "festiva" de João Doria
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A campanha "festiva" de João Doria


Por Altamiro Borges

O tucanato paulista segue se bicando para definir quem será o candidato do PSDB nas eleições para a prefeitura paulistana em 2016. Nesta guerra sangrenta no ninho, um dos personagens mais patéticos é o empresário João Doria, o "Júnior", que ganhou projeção política ao liderar o frustrado movimento "Cansei" contra o ex-presidente Lula e que hoje se excita com a cruzada golpista pelo impeachment de Dilma. Ele nunca disputou um pleito e é um novato na legenda. Isto talvez ajude a explicar a sua "estratégia festiva" na disputa pelo voto dos filiados tucanos. Matéria publicada na revista Época, de autoria da jornalista Flávia Tavares, serve para mostrar que o sujeito é realmente um elitista boçal.

"A tentação de chamar João Doria Junior de coxinha é tão imediata quanto irresistível. Então, tiremos isso da frente: João Doria é coxinha. Ele está sempre ereto, com um sorriso que parece ter sido implantado em seu rosto. Doria é miúdo, mas não baixinho. Seu cabelo é tingido, mas não de um acaju acintoso. Parece usar Botox, mas deixa espaço para a dúvida. Fala pausadamente, mimetizando o governador Geraldo Alckmin, seu amigo há 35 anos. Não fala palavrão. Parece que nunca espirrou. 'Adoro que me chamem de coxinha. Não tenho problema nenhum', disse o empresário recentemente, em seu lustroso escritório no Jardim Europa, bairro nobre de São Paulo", relata a repórter, que revela:

João Doria não gosta mesmo é que o chamem de Junior. "A pessoa pensa que sou coxinha, distante, riquinho e, quando me conhece, ela muda de opinião. Esse é o melhor dos mundos", afirma o vaidoso almofadinha. "Assumir seu lado janota é parte da estratégia de Doria para consolidar seu nome como pré-candidato a prefeito de São Paulo. Em vez de tentar desconstruir a imagem de empresário de sucesso, criando um personagem que fuja a quem ele é, Doria se dedica ao oposto. Prefere se mostrar como é, ou acredita ser, apresentando como virtudes o que adversários enxergam como fragilidades".

Neste esforço, João Doria tem promovido inúmeras festanças junto aos filiados do PSDB. "No grand tour que tem feito pela periferia da cidade, ele assume que é milionário. Adotou a máxima liberal do sucesso pelo mérito. Fez fortuna como publicitário e promotor de grandes eventos empresariais. Diz que pretende replicar na vida pública seu talento de administrador. Está em paz com a fama de coxinha – fama que aumentou depois que se soube que ele publica a revista anual Caviar Lifestyle, agraciada, em sua última edição, com meio milhão de reais em anúncios do governo Alckmin". De forma jocosa, a jornalista Flávia Tavares descreve o primeiro contato com o pré-candidato do PSDB.

"No dia em que me recebeu em seu escritório, num opulento prédio em frente ao Shopping Iguatemi, Doria vestia uma camisa branca, com um JDJ bordado no peito, e uma calça azul-marinho, ambos perfeitamente ajustados a seu corpo. Passava das 11 horas de uma manhã abafada. Ele estava irretocavelmente penteado. É sua praxe. Trazia nas mãos uma caixa de bombons de licor para a repórter – bombons, diga-se, que ele jura nunca ter provado, abstêmio convicto que é. Não há dieta que resista à insistência de Doria. De nada adiantaram as três negativas da repórter. Doria venceu, como costuma vencer com frequência: pela lábia". O novato tucano parece que foi bem convincente. 

"Doria passou a refutar outra acusação que seus adversários lhe fazem: a de que não está nem aí para os pobres de São Paulo. Doria vive em uma mansão no Jardim Europa, onde promove jantares noite sim, noite não para o creme brûlée da sociedade paulistana. 'Quem tem de conhecer bem a cidade é quem vai administrar os bairros. São Paulo tem 34 subprefeituras. Na nossa gestão, serão prefeituras regionais... Além das prefeituras regionais, Doria já tem bem delineadas pelo menos mais duas propostas para a cidade. A primeira é privatizar o Autódromo de Interlagos. A segunda é retomar os mutirões pelas periferias, juntando moradores para pintar paredes de escolas, capinar pracinhas". 

Apesar da sua lábia, o empresário não convenceu a jornalista da Época. "As chances de Doria ser o escolhido dos tucanos para a eleição de 2016 são pequenas. São duas as degustações a que Doria terá de se submeter. Antes de enfrentar o paladar da população de São Paulo, Doria tem de conquistar o paladar gourmetizado do PSDB, partido ao qual é filiado desde 2000. O tucanato, seguindo sua tradição, está rachado. O vereador Andrea Matarazzo é o favorito a vencer as prévias, previstas para o começo do ano que vem... Embora seja amigo de Alckmin, Doria ainda não tem o apoio de nenhum tucano-rei. Alckmin não quer Matarazzo. Ao que tudo indica, também não quer Doria".

É certo que João Doria, o Júnior, que também apresenta o enfadonho programa "Show Business", na Band, conta com o apoio de algumas celebridades midáticas. A jornalista relata um recente encontro com artistas numa mansão no Jardim Europa, bairro nobre da capital paulista. "Não havia churrasco nem funk. Havia Adriane Galisteu, Bruna Lombardi, Cláudia Raia, Regina Duarte, Juca de Oliveira, Otávio Mesquita, Eliana... Garçons circulavam pelas três salas da casa. Desviavam de obras de arte, servindo vinho branco e tinto – e, se alguém cometesse a indiscrição de pedir, uma cervejinha". O problema é que esta turma de "celebridades" não define os votos dos filiados profissionais do PSDB. O esperto empresário poderá, ao menos, fazer algum "negócio" com sua candidatura na rica legenda!

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