Do blog de Zé Dirceu:Na noite da última 4ª feira, na partida Corinthians x Bahia, no Itaquerão, boa parte dos torcedores não pode ver o gol de penalti de Renato Augusto, aos 44 m do 2º tempo, completando os 3 a 0 para o timão. É que por imposição da Rede Globo, o jogo só começou às 22 h, depois do término da novela dela no horário nobre e estes torcedores precisaram ir embora antes do término da partida, para não perder o último trem do metrô que saia à meia noite da estação Corínthians/Itaquera.
Na altura dos 35 minutos do 2º tempo – por volta das 23h40 – estes torcedores começaram a deixar o estádio, com medo de não conseguir entrar no metrô, ou perder o último trem, da meia noite. Quem ficou até o final, já encontrou o metrô fechado e teve de se virar para chegar em casa.
Mas, a Rede Globo, detentora do monopólio dos direitos de transmissão dos jogos do Campeonato Brasileiro, continua intocável. Um de seus principais executivos disse à Folha de S.Paulo, numa declaração de sonso, que a emissora desconhece descontentamento dos torcedores com a mudança de horário do início da partida, que antes começava bem mais cedo.
E a emissora nem precisa se preocuparNa próxima 3ª feira o governador Geraldo Alckmin concede uma audiência ao presidente do Corinthians, Mário Gobbi, que vai lhe pedir que, em dias de jogo, o metrô que chega até Corinthians/Itaquera funcione até 1 hora da manhã. Quer dizer, tentam um atalho, fazendo tudo o que é possível para não mexer com a poderosa Rede - o presidente Mário Gobbi diz ser obrigado a cumprir o contrato que dá a exclusividade de transmissão dos jogos à emissora.
A direção do metrô antecipou à Folha ser contra a extensão, porque ela vai prejudicar o sistema, uma vez que a partir da meia noite, paralisada a circulação, a empresa começa os trabalhos de limpeza e manutenção dos trens e de todo o sistema metroviário.
E assim, vocês tem mais uma demonstração do poder absoluto de nossa mídia, Rede Globo à frente, mas dos meios de comunicação impressos e eletrônicos em geral. Seus proprietários, os barões da mídia, meia dúzia de famílias no Brasil detentora do monopólio da informação continuam a agir e a impor o que querem a seu bel prazer, já que o país não tem nenhuma forma de regulação da imprensa.
Sem regulação da mídia é difícil mudarDesde o inicio desta semana, temos mais um exemplo clássico disso, com a absolvição da presidenta Dilma Rousseff num processo do Tribunal de contas da União (TCU) que apurava a compra de refinaria pela Petrobras nos Estados Unidos, e com a história do aeroporto que o candidato a presidente dos tucanos, Aécio Neves (PSDB-DEM), construiu por R$ 14 milhões, dinheiro público de Minas, para a família nas terras de um tio-avô em Cláudio (MG). Os jornalões dão páginas e páginas para o noticiário do processo no TCU e escondem o relativo ao aeroporto dos Neves.
Mais uma prova inconteste do dois pesos e duas medidas da mídia. O escândalo tucano, que abriu a semana, vai sumindo, rápida e silenciosamente, dos noticiários. Já a aceitação da denúncia contra os diretores da Petrobras pela compra de Pasadena ocupam páginas inteiras. E pior: as manchetes dos jornais praticamente não citam a absolvição da presidenta Dilma. Os poucos que o fazem, querem fazer crer que se tratou de acordo ou ação eleitoreira para absolvê-la.
Até parece que o TCU não é um ninho do oposição ao governo, responsável, inclusive, por paralisações de obras fundamentais para o país, em ações que se revelaram políticas e completamente eleitoreiras ao longo do tempo…. Os jornais de ontem são um exemplo vivo da manipulação e escamoteamento das duas notícias com fins eleitoreiros: davam uma página para o caso do TCU/Petrobras e meia para o aeroporto dos Neves – o 1º com grandes manchetes na 1ª página; o 2º desapareceu das capas da imprensa.
Não esperem editoriais de censura a Aécio por construção de aeroportoAgora, editoriais condenando o então governador mineiro Aécio Neves pelo que fez? Nem pensar! Afinal, prejudicaria eleitoralmente o candidato deles. Na Rede Globo, nada diferente quando o assunto é este aeroporto do candidato tucano ao Planalto. No Jornal Nacional de 2ª feira (21.07), um dia após a denúncia surgir, 1 minuto e meio destinado à resposta de Aécio, em uma matéria de pouco mais de 3 minutos. E com sugestão de que a máquina pública federal teria sido usada para descobrir o caso.
No Bom Dia Brasil, também da Rede Globo, na 3ª feira, a mesma toada: reportagem seguida da representação de Aécio contra a ANAC e a presidenta Dilma, ocupando quase metade do tempo destinado ao assunto. Evidentemente que defendemos o direito de resposta, mas o problema é que ele inexiste quando é para nós, do PT.
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