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A dolorosa conta fiscal - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE
CORREIO BRAZILIENSE - 23/07
Pressionada ante as evidências do momento gravíssimo na economia brasileira, a presidente Dilma Rousseff foi obrigada a rever os compromissos estabelecidos para assegurar o ajuste fiscal. A redução da meta de superavit se tornou forçosa após a constatação de que seria impossível alcançar uma economia equivalente a 1,1% do PIB, em 2015, em um cenário de queda brutal da arrecadação. De janeiro a maio, o governo amealhou apenas R$ 6,6 bilhões do montante destinado a pagar os juros da dívida pública. Trata-se de parte ínfima, pouco mais de 10% dos R$ 55 bilhões necessários a esse fim.
Para compensar a dificuldade em obter receita, o Planalto e a equipe econômica decidiram ampliar o corte de despesas no orçamento. Há expectativa de que a tesourada retire R$ 8,6 bilhões das contas públicas, que se somariam aos R$ 70 bilhões acordados previamente. Em mais uma demonstração dos males crônicos do Estado brasileiro, é certo que o contingenciamento atingirá investimentos e prejudicará setores prioritários, como a educação e a pesquisa científica.
A redução da meta fiscal corrói um dos pilares do plano de ajuste econômico defendido por Joaquim Levy. O ministro da Fazenda era contrário às mudanças no superavit neste momento, pois entende que a medida causa desconfiança entre os investidores estrangeiros e as agências de risco, atentas ao diagnóstico se o país reúne condições de manter o atual grau de investimento. Levy perdeu a queda de braço com o colega do Planejamento, Nelson Barbosa, em prova contundente de que ele não é unanimidade na Esplanada. Em que pese o esforço do ministro da Fazenda em sobrepujar as divergências na política econômica de Dilma Rousseff, é legítimo questionar se ele estará disposto a continuar no barco, usando uma analogia náutica, ao feitio de Levy.
A decisão do governo Dilma, ainda que necessária, não poderia ocorrer em pior momento. Resulta da série de equívocos cometidos pelas seguidas administrações petistas, que nos bons tempos mantiveram as despesas governamentais em alta e se omitiram na condução das reformas imprescindíveis para dinamizar a economia. Insistiram no estímulo ao consumo como método de crescimento, em vez de priorizar os investimentos. Com as contas em apuros e o país afundando na recessão, os dirigentes do PT aplicam uma dose ainda maior do remédio amargo ao paciente. É uma dolorosa conta a ser paga pela sociedade brasileira.
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