A imobilidade urbana de Alckmin
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A imobilidade urbana de Alckmin


Por Altamiro Borges

Se depender do governador Geraldo Alckmin (PSDB), São Paulo vai parar de vez. A mobilidade urbana, tão demandada pela sociedade, vai se transformar na mais infernal imobilidade, com longas horas no trânsito e transportes públicos precários. Na semana passada, a Folha revelou que quatro importantes corredores de ônibus no Estado estão com as obras paradas. O jornal tucano até tenta aliviar a barra do “picolé de chuchu”, argumentando que os atrasos decorrem de “falhas nos projetos originais, disputas judiciais” e... da crise econômica no Brasil. Mas não dá para esconder a irresponsabilidade do PSDB, que comanda São Paulo há mais de 20 anos e nunca tratou como prioridade os transportes urbanos.

Segundo a reportagem de Venceslau Borlina Filho, “comerciantes de Americana, na região de Campinas, não param de lamentar: a entrega do novo terminal metropolitano, que fará conexão com as vizinhas Nova Odessa e Santa Bárbara d´Oeste e permitirá a volta de clientes, foi adiada três vezes em oito meses. E as obras do corredor de ônibus, que deveriam ter sido concluídas em janeiro, só devem ser entregues em 2016. Assim como em Americana, emperraram as outras três obras prometidas pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB) para interligar cidades paulistas em projetos de mobilidade... Além das obras na região de Campinas, sofrem com atrasos os corredores Itapevi-São Paulo e Guarulhos-São Paulo (Tucuruvi), além do VLT (veículo leve sobre trilhos) da Baixada Santista”.

Afora estas obras que estão paradas, outros quatro corredores nem saíram do papel (Itapevi-Cotia, Cajamar-Santana do Parnaíba-Barueri, Alto do Tietê e Perimetral Leste). Eles foram prometidos pelo candidato Geraldo Alckmin, mas seguem apenas no projeto. A Folha fez questão de ouvir o “outro lado” – algo que geralmente ela não faz quando dispara os seus petardos contra o governo Dilma. “A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) admite os atrasos nas obras de mobilidade no Estado, mas aponta a crise econômica e a complexidade dos projetos, que envolvem desapropriações e disputas judiciais, como principais causas”. O jornal poderia aproveitar a oportunidade para perguntar também sobre as obras do metrô de São Paulo, que também seguem emperradas.

O trem-fantasma de Alckmin

Em editorial publicado no início de abril, intitulado "Promessa descarrilada", o próprio jornal criticou os atrasos na expansão do metrô e observou que "as explicações por parte do governo do PSDB não convencem". Conforme apontou na ocasião, "o governo Geraldo Alckmin pretende construir 120 km de novos trilhos, mas, das nove obras de expansão, apenas uma está oficialmente em dia; cinco tiveram a entrega postergada, e as demais ainda não começaram – e já se pode adivinhar que não fugirão à regra... Ao explicar os atrasos, o governo Alckmin invariavelmente culpa fatores externos, apontando para empresas que descumprem o estabelecido em contrato ou atacando dificuldades no licenciamento ambiental, por exemplo".

As desculpas do governador tucano são sempre esfarrapadas e marotas. Ele evita falar, por exemplo, das graves denúncias de corrupção que envolvem o setor – como o superfaturamento, as fraudes nas concorrências e o desvio de dinheiro para as campanhas do PSDB. O escândalo do "trensalão tucano" – que a mídia carinhosamente batizou de "cartel dos trens" – nunca é citado como um dos motivos dos atrasos na expansão do metrô e da CPTM. Geraldo Alckmin prefere culpar o governo Dilma e a crise econômica. Nesta tática diversionista, o "picolé de chuchu" sabe que conta com a cumplicidade da mídia chapa-branca, Ela até registra, de vez em quando, o caos da imobilidade urbana em São Paulo, mas sem nunca dar o devido destaque a este grave problema que afeta a população paulista.

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