A praga do politicamente correto
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A praga do politicamente correto



Rodrigo Constantino

O filósofo Luiz Felipe Pondé sempre desperta da sonolência o senso comum. Sem medo de colocar o dedo em certas feridas, ele liga sua metralhadora giratória para todos os alvos que representam os mascotes preferidos dos politicamente corretos. Povo bondoso, pobre mais honesto que rico, índios virtuosos, todos aqueles grupos de "minoria" que servem para enaltecer a imagem (hipócrita) dos supostos altruístas, gente com "consciência social", são dissecados no terceiro volume do Guia Politicamente Incorreto, desta vez da Filosofia.

Com uma escrita direta, por vezes divertida, Pondé não poupa ninguém. Muitos pingos são colocados nos is, retirando a máscara da hipocrisia que campeia nos tempos modernos, uma era de covardia moral provavelmente acima dos padrões passados. A praga do politicamente correto, resultado, em parte, da descoberta pelos idiotas de sua superioridade numérica, precisa ser combatida, pois ela tenta destruir aquilo que temos de mais importante: o pensamento individual. Nem todos terão a coragem de usá-lo, mas os poucos que usam fazem toda a diferença do mundo. E levam os demais nas costas, mesmo que sem o devido crédito por isso (ao contrário, são atacados com virulência pelos politicamente corretos).

Abaixo selecionei os 20 trechos do livro que mais gostei. Mas não deixem de comprar o livro e ler o conteúdo na íntegra. Trata-se de leitura rápida, que pode ser feita em um voo entre Porto Alegre e Rio de Janeiro, como foi meu caso. O tempo da digestão do conteúdo é que possivelmente será maior para muitos leitores, pois Pondé não liga para as suscetibilidades das "almas sensíveis" que evitam a todo custo escutar certas verdades. E, convenhamos, alguém precisa dizê-las. Lá vai então:

Uma das coisas que os politicamente corretos mais temem é a ética aristocrática da coragem levada para a vida cotidiana, porque ela desvela o que há de mais terrível no ser humano, a saber, que ele é o animal mais assustado e amedrontado do mundo.

A sensibilidade democrática odeia esta verdade: os homens não são iguais, e os poucos melhores sempre carregaram a humanidade nas costas.

A diferença entre a velha esquerda e a nova esquerda é que, para a velha, a classe que salvaria o mundo seria o proletariado (os pobres), enquanto, para a nova, é todo tipo de grupo de 'excluídos': mulheres, negros, gays, aborígines, índios, marcianos...

Os melhores lideram, os médios e medíocres seguem. Qualquer professor sabe disso numa sala de aula. Uma das maiores besteiras em educação é dizer que todos os alunos são iguais em capacidade de produzir e receber conhecimento.

Uma das qualidades supremas de [Ayn] Rand é ter percebido ainda em meados do século 20 que o mundo se preparava para desvalorizar aqueles mesmos graças aos quais os outros vivem, sob o papinho da 'justiça social'. Se ela tivesse conhecido Obama, vomitaria.

A distopia descrita por [Ayn] Rand é a melhor imagem do mundo dominado pelo politicamente correto: inveja, preguiça, mentira, pobreza, destruição do pensamento, tudo regado pelo falso amor pela humanidade.

O povo é sempre opressor. Quando aparece politicamente, é para quebrar coisas. O povo adere fácil e descaradamente (como aderiu nos séculos 19 e 20) a toda forma de totalitarismo. Se der comida, casa e hospital, o povo faz qualquer coisa que você pedir.

No fundo, o indivíduo fracassado e o homem-massa invejam a liberdade do indivíduo verdadeiro porque ela lhes parece um luxo. Na realidade são primitivos demais para entender a maldição que é ser indivíduo e a dor que é ser livre sem pertença a bandos.

Achar que podemos transformar terroristas muçulmanos em membros do partido democrata americano, como pensa o atual presidente dos Estados Unidos de origem muçulmana Barack Hussein Obama, é uma piada. Basta se perguntar como, por exemplo, eles aceitariam o casamento gay em seus países.

Quando você começa a pensar que tribos que não conheciam a roda até ontem, como alguns índios brasileiros e alguns povos africanos, podem ser nossa esperança, poderá acordar sendo um romântico idiota.

Os idiotas românticos de hoje em dia esquecem que câncer é tão natural quanto os passarinhos e pensam que a natureza seja apenas os passarinhos.

Toda tentativa de proibir a exibição da beleza feminina é um ato nascido da inveja.

Nada é mais temido por um covarde do que a liberdade do pensamento.

A mídia muitas vezes parece uma reunião de centro acadêmico de ciências sociais na forma de simplificar o mundo ao nível de uma menina de 12 anos.

Se você bate foto dentro do avião, é porque não há esperanças para você. Ficar feliz por sair de férias de avião é brega.

Uma coisa simples que aparentemente muita gente não entende: lindos são apenas seus filhos para você, para os outros são pequenos seres humanos mal-educados fazendo barulho.

Não conheço ninguém que adote o politicamente correto e não seja mau caráter, fora aqueles que têm idade mental de 10 anos.

Dizer que se é budista (ninguém deixa de ser católico ou judeu e vira budista em três semanas num workshop em Angra dos Reis ou num centro budista nas Perdizes, em São Paulo) pega bem em jantares inteligentes, porque dá a entender que você não é um materialista grosseiro, mas sim um espiritualista sustentável. Basicamente, uma religião sustentável não precisa sustentar nada a não ser uma dieta balanceada, uma bike importada e duas ou três latas de lixo de design em casa, para reciclagem de lixo.

Se você quiser acertar numa análise que envolva seres humanos, continue a usar o pecado como ferramenta para compreender o comportamento humano: orgulho, ganância, inveja e sexo continuam a mover o mundo (a luta de classes nada mais é do que um caso de ganância e inveja).

Apesar de hoje já sabermos que pobre pode ser tão ruim quanto rico, e que índios estão muito longe de ser sábios cultivadores de virtudes morais e naturais, a praga PC ainda insiste em dizer que a farsa de Rousseau, o tipo de pessoa que ama a humanidade, mas detesta seu semelhante, é verdade. O fato é que todo mundo gosta de ouvir que é bom e que os outros é que o fazem ser mau e infeliz.




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