À procura da luz no fim do túnel - EDITORIAL O GLOBO
Geral

À procura da luz no fim do túnel - EDITORIAL O GLOBO


O GLOBO - 01/01/16




Desgastada, a ideia de um ?ano que não acabou? se encaixa à perfeição a 2015. A partir de hoje, ele invade 2016 pela vertente da política e pelo flanco da economia. Há a questão em aberto do processo de impeachment da presidente Dilma, iniciado em 2015, e do futuro penal dos presidentes da Câmara e Senado, os peemedebistas Eduardo Cunha e Renan Calheiros. E existe o desdobramento da mudança feita por Dilma na economia. Deixou claro quem manda na política econômica, ao trocar o ministro da Fazenda Joaquim Levy, estranho no ninho do lulopetismo, por Nelson Barbosa, do Planejamento, afinado com a presidente e o PT.

Com a folha corrida de um dos formuladores do malfadado ?novo marco macroeconômico? ? causa da crise ?, beque de contenção de Joaquim Levy em toda proposta mais séria para o ajuste fiscal, com apoio de Dilma, Nelson não poderia mesmo desencadear euforia nos mercados. Bolsa caiu, dólar subiu.

Normal. Trata-se, porém, de saber como Nelson Barbosa irá cumprir o compromisso que assumiu, com o cetro de ministro da Fazenda, de fazer o ajuste fiscal, mas também crescer. Ora, Barbosa foi escolhido em nome do ?desenvolvimento? e não do ?ajuste?. É o recado que o PT mandou ao governo em nota, na segunda-feira. Já ao assumir o Planejamento, em janeiro de 2015, ele alertou que sem ajuste não se pode crescer, e, portanto, bancar programas sociais. Economista, sabe que não são coisas excludentes, pelo contrário. Agora, defendeu a óbvia necessidade da reforma da Previdência. Mas resta combinar com os ?movimentos sociais?, a turma do PT, economistas e sociólogos orgânicos.

O novo ministro pode ser ajudado pelo previsto agravamento da crise. Como tem pedigree de ?companheiro?, podem ser condescendentes com ele. É provável que a inflação dê algum desafogo, por efeito estatístico, pois a base de comparação (2015) estará nas nuvens. E também porque ficou em 2015 parte do efeito do choque tarifário. Mas o problema geral nas contas persistirá, numa economia bastante indexada.

O último Relatório Focus, do Banco Central, fechado no dia 24 de dezembro com base nas projeções para 2016 dos principais departamentos de análise do mercado financeiro, indicou a manutenção do pessimismo na inflação e no PIB. Desde o final de novembro, a média das estimativas semanais para a alta dos preços caiu de 7,08% para 6,98%, ainda acima do teto da meta, de 6,5%. Boa notícia, o retorno à faixa de um dígito, mas é crucial atingir-se os 4,5% do centro da meta. Do PIB, as estimativas, nesses dois meses, passaram de uma recessão de 2,04% para uma retração de 2,81%. Aproximam-se dos 3%. Confirmados os -3,7% de 2015, a economia brasileira sofrerá em dois anos um encolhimento na fronteira dos 7%. É muita coisa, haja vista as centenas de milhares de desempregados.

Barbosa tem pela frente a resistência de PT e aliados a fazer reformas estruturais urgentes: Previdência, indexação do Orçamento, por sua vez também engessado por bilhões de verbas vinculadas a gastos específicos (Saúde, Educação etc).

O novo ministro assumiu o compromisso de alcançar a meta de superávit primário de 0,5% do PIB. Se não for por meio de abatimentos de despesas, manobra dos manuais da ?contabilidade criativa?, dificilmente conseguirá. Para aumentar o desafio, o Congresso vetou o facilitário.

Para fazer uma gestão aceitável, Barbosa terá de executar mudanças nunca aceitas pela chefe. O ministro, a fim de realizar a reforma que defende ? a Previdência é mesmo grande causa de desequilíbrio estrutural das contas públicas ?, também terá de negociar com um Congresso pouco representativo, devido uma miríade de legendas nanicas, algumas aninhadas no fisiologismo petista, mais uma herança que se abate sobre Dilma 2. Mas só resta enfrentar a realidade.




- Voluntarismo Em Torno Do Dinheiro Das ?pedaladas? - Editorial O Globo
O GLOBO - 12/01 Usar os recursos para aumentar oferta de crédito é arriscada aposta do Planalto em ajustar as contas sem cortes, apenas pela reativação da economia O aviso dado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, de que, na economia,...

- A Inflação De Barbosa E Dilma - Editorial O EstadÃo
ESTADÃO - 26/12 O grande vilão da inflação continua sendo o governo, com suas contas desarrumadas e sem perspectiva clara de recuperação, segundo o diagnóstico repetido com ênfase crescente pelos técnicos do Banco Central (BC). A incerteza quanto...

- A Dúvida Continua - MÍriam LeitÃo
O GLOBO - 22/12 Ministro promete reformas, mas falta de confiança no governo continua. O ministro Nelson Barbosa disse o que o mercado queria ouvir e mesmo assim a desconfiança permaneceu. Este é o primeiro desafio: vencer a dúvida dos investidores...

- A Dolorosa Conta Fiscal - Editorial Correio Braziliense
CORREIO BRAZILIENSE - 23/07 Pressionada ante as evidências do momento gravíssimo na economia brasileira, a presidente Dilma Rousseff foi obrigada a rever os compromissos estabelecidos para assegurar o ajuste fiscal. A redução da meta de superavit...

- Economia Em Frangalhos, Joaquim Levy Deixa Ministério Da Fazenda
 A presidente Dilma Rousseff definiu na tarde desta 6ª feira (18.dez.2015) que Nelson Barbosa vai substituir  no Ministério da Fazenda.Barbosa tem 46 anos e até agora era o titular do Ministério do Planejamento. No segundo mandato de Dilma...



Geral








.