A queda da pirâmide - EDITORIAL ZERO HORA
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A queda da pirâmide - EDITORIAL ZERO HORA


ZERO HORA - 01/11

Mais do que a retumbante queda pessoal do empresário brasileiro apontado pela revista Forbes como o sétimo mais rico do mundo, há apenas um ano, o pedido de recuperação judicial da petroleira OGX, de Eike Batista, representa uma lição para a economia do país. Batista exerceu poder hipnótico sobre um contingente importante de pessoas com poder de decisão, conseguiu convencer investidores brasileiros e estrangeiros de que tinha megaprojetos mágicos e acabou submergindo num pesadelo compartilhado com todos os que, direta ou indiretamente, também saem perdendo com a sua derrocada. Agora, fica fácil apontar os erros dos projetos, em especial o da OGX, mas há alguns meses o ousado empresário era adulado por governantes e lideranças empresariais que sequer levantavam dúvidas sobre a solidez do seu negócio.
O interesse pelo desfecho de seus investimentos, portanto, é também do governo e, por consequência, da sociedade. Há recursos públicos em investimentos do empresário, mesmo que não diretamente na empresa que depende agora de recuperação judicial. O BNDES tem participação diminuta na petroleira e assegura não ter concedido financiamentos à OGX, mas vinha chancelando as operações de Eike Batista, assim como o governo federal, em outras atividades. Não faz muito, a presidente Dilma Rousseff disse em discurso que Eike era um modelo para o empresariado brasileiro.
Por isso, Eike Batista não fracassa sozinho. As lições da quebradeira devem ser assimiladas por quem de alguma forma contribuiu para a sua ascensão e para o seu fracasso. Suas empresas de minério, energia e hotelaria, além de um porto e um estaleiro, sucumbem, basicamente, porque a mais vistosa de todas, a OGX, não atendeu às expectativas criadas por seu controlador. Credores e investidores ficam agora na incerteza de que poderão recuperar pelo menos parte dos recursos apostados no grupo. Os contribuintes, por sua vez, devem ser informados, com toda a transparência, pelas instituições públicas que ofereceram aporte financeiro às empresas. Todos têm o direito de saber qual é a participação estatal, via empréstimos ou participações acionárias, nos negócios que naufragaram com a petroleira.
A solução para as atividades do senhor Eike Batista, se existir, não pode ficar na dependência de socorro oficial. Espera-se também que a crise de credibilidade provocada pelo episódio não contamine a imagem do Brasil junto a investidores e organismos internacionais. E que o fracasso de projetos tão grandiosos não desestimule as ideias e os sonhos dos que movem o empreendedorismo sério e responsável.




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