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O tombo de Eike - RICARDO BALTHAZAR
FOLHA DE SP - 08/07
SÃO PAULO - Há pouco mais de um ano, ao visitar as obras de um porto construído pelo empresário Eike Batista em São João da Barra (RJ), Dilma Rousseff saudou-o como um exemplo para o país. "É uma pessoa que delimita o seu sonho de uma forma extremamente ambiciosa e busca cumpri-lo e busca realizá-lo", discursou a presidente. Eike merecia o "orgulho" dos brasileiros, assim como "toda a atenção e todo o suporte" do governo, Dilma acrescentou.
Na semana passada, Eike corria para administrar o desmoronamento do seu império. Com duas empresas à venda e outras duas ameaçadas de fechar as portas, Eike terá que se desfazer de parte da sua fortuna pessoal para pagar as dívidas que acumulou com bancos públicos e privados.
Os negócios de Eike estão esfarelando porque os investidores que ajudaram a financiar suas aventuras perceberam que haviam apostado numa fantasia e, agora que a ficha caiu, decidiram guardar o talão de cheques e cortar seu crédito.
Para infelicidade de Eike, seu império foi ao chão num momento em que não pode mais contar com outro grande parceiro, o governo. Com dificuldades para arrumar a economia e ao mesmo tempo responder à insatisfação nas ruas, a última coisa que Dilma parece disposta a fazer é socorrer um tubarão em apuros.
O governo federal sempre contribuiu para alimentar o otimismo em torno dos planos de Eike, liberando mais de R$ 10 bilhões em empréstimos do bom e velho BNDES e incentivando a Petrobras e outras empresas a se associarem a seus projetos. Nos últimos dias, porém, não se ouviu em Brasília nem mesmo uma palavra de consolo para o empresário.
É melhor que seja assim. As passeatas de junho encerraram a era de otimismo em que o espírito audacioso de Eike podia ser vendido como um modelo para o país. Se ele quiser continuar servindo como inspiração nos novos tempos, terá que enfrentar suas dificuldades sozinho, sem esperar novos favores do governo.
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