A líder da FN (Frente Nacional), Marine Le Pen, comemorou neste domingo (06/12) os resultados obtidos por seu partido nas eleições regionais da França e convocou os franceses a se unirem em torno da ultradireita no segundo turno da votação, que será realizado na próxima semana. Seu partido obteve maioria em seis das 13 regiões na França.
O porta-voz do governo francês, comandado pelo PS (Partido Socialista), Stéphane Le Foll, no entanto, relativizou o resultado obtido pela FN. Após convocar uma "união de forças da esquerda" para o segundo turno, le Foll afirmou que "o total da esquerda deve ultrapassar os 36%, o que a torna no primeiro partido de França". No mesmo sentido, o secretário nacional dos Verdes, Emanuelle Cosse, também pediu por uma "fusão das listas da esquerda e dos ecologistas", o que inclui a Frente das Esquerdas.
Segundo as primeiras projeções de voto divulgadas pela imprensa local, a FN teria obtido 30% dos votos. Os Republicanos, partido centrista liderado pelo ex-presidente Nicolás Sarkozy, obteve 27%, e o Partido Socialista (PS), do presidente François Hollande, com 23%. A Formação dos Verdes obteve 6,5% e a Frente das Esquerdas, 4,1%. Quase metade dos franceses (49%) se absteve de votar.
"Nada poderá dificultar a vontade do povo", afirmou Le Pen após a divulgação dos primeiros resultados, considerados como históricos para a FN. Nas últimas eleições regionais, em 2010, o partido obteve apenas 11% dos votos.
"São resultados magníficos que recebemos com humildade e um profundo sentido de responsabilidade", afirmou ela, durante as comemorações dos simpatizantes da FN na região mais pobre do país, Nord-Pas-de-Calais Picardie, onde a líder venceu com mais de 40%.
A Frente Nacional é um partido anti-imigração e anti-União Europeia cujo posicionamento contra imigrantes e refugiados muçulmanos endureceu após os ataques em Paris, no mês passado. Durante as campanhas eleitorais, a sobrinha de Le Pen, Marion Maréchal chegou a dizer que muçulmanos não poderiam ser franceses sem que “sigam os nossos costumes e estilo de vida, herdado das tradições cristãs da França”.
Pesquisas de intenção de voto já indicavam uma possível vitória do partido de Le Pen. Na ocasião, o primeiro-ministro, Michael Valls, do partido Socialista, chegou a chamar a FN de racista e antissemita, sugerindo, ainda, que os centristas se juntassem a eles para impedir a vitória do partido de Le Pen.
Sarkozy, porém, rejeitou a possibilidade. "Vou propor ao comitê político que recuse qualquer fusão ou retirada de listas", disse ele.
Como tentativa de barrar o avanço da FN, o primeiro secretário do PS, Jean-Christophe Cambadélis, anunciou neste domingo que seu partido irá se retirar da corrida eleitoral em pelo menos duas regiões decisivas, onde a FN já possui maioria, na tentativa de barrar a vitória de Le Pen em outras regiões.
"Nas regiões com o risco Frente Nacional e onde a esquerda não ultrapassa a direita, o Partido Socialista decidiu proceder uma obstrução republicana, em particular no Nord-Pas-de-Calais-Picardie e Provence-Alpes-côte d'Azur. Durante cinco anos, os socialistas não estarão presentes nessa região", disse Cambadélis após reunião extraordinária da direção do PS.