Aparelhamento criminoso - EDITORIAL ZERO HORA
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Aparelhamento criminoso - EDITORIAL ZERO HORA


ZERO HORA - 11/10

Apesar do contexto eleitoral em que estão sendo divulgadas, as gravações dos depoimentos dos chamados delatores do esquema Petrobras _ o ex-diretor Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef _ merecem a atenção dos brasileiros, pois confirmam não apenas o loteamento político da estatal como também o desvio sistemático de recursos para os partidos que se apropriaram de parte da administração pública. As informações dos beneficiários da delação premiada revelam um organizado esquema de corrupção, com empresas formando um cartel para superfaturar contratos com a Petrobras e pagando propinas em dinheiro vivo para os políticos ocupantes das diretorias da estatal _ tudo com a anuência do governo, que afinal é o responsável pela distribuição de cargos.
O aparelhamento político de empresas públicas é duplamente danoso para o país, pois compromete a eficiência dessas organizações e abre caminho para as fraudes. Corruptos e corruptores se valem do despreparo e da frouxidão moral destes dirigentes políticos para sugar recursos do povo brasileiro, sob o olhar cúmplice de governantes que colocam seus projetos de poder acima dos interesses do país.
Tal deformação não é exclusividade do atual governo, embora tenha assumido proporções absurdas nas últimas administrações. Por isso, independentemente de quem a população brasileira escolher para comandar o país pelo próximo mandato, o eleito deve assumir o compromisso de desinfetar a administração federal e as estatais desta praga chamada corrupção.
Também está mais do que na hora de uma reação contra os financiadores do propinoduto, que só pensam nos seus interesses e se submetem ao jogo sujo dos contratos condicionados ao pagamento de percentagens a políticos. Claro que os maiores responsáveis são os homens públicos que traem a confiança dos eleitores, mas quem forma cartel e superfatura obras e serviços também não pode alegar inocência.
Nenhum governante tem o direito de se apropriar do Estado e muito menos de dividir a administração pública entre amigos e apoiadores para sustentar seu projeto de poder. Num regime democrático, o Estado pertence ao povo e cabe a cada cidadão, pelo voto, escolher quem tem idoneidade para receber a concessão temporária da administração.




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