AS RECOMPENSAS DO BANCO
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AS RECOMPENSAS DO BANCO


Acabei de ganhar 48 dólares. Bom, né? É que troquei os pontos de recompensa do meu banco nos EUA (Chase) por dinheiro. Tudo bem que isso seja em cima de mais de dez mil dólares que gastei com cartão de débito durante um ano da minha estada aqui em Detroit. E tudo bem que o banco cobra uma taxa de 25 dólares (não sei se anual ou única) pra te dar o cartão. Comparando com as recompensas que recebo nos supermercados brasileiros – algo como “ganhe uma caixa de Bis a cada 500 reais” -, até que não tá ruim. Sabe o Clube de Vantagens Angeloni, por exemplo? Uma vez eu fiz o cálculo. Acho que, com o que eu e o maridão gastamos em supermercado (até cem reais por semana, altíssimo!), levaria 35 anos pra trocar os pontos por um fogão quatro bocas.

No Chase a gente acabou com um saldo de 24 mil pontos. Havia algumas recompensas atraentes. Tipo: dá pra trocar 3,750 pontos por uma assinatura de um ano de alguma revista como a Rolling Stone ou a Esquire (quer dizer... O maridão deu pra receber a Rolling Stone de graça. Não sabemos porquê). É que revista aqui é muito barata. Alguns restaurantes e lojas trocam 11,500 pontos por 25 dólares. É o caso da TGI Friday's, Starbucks, Amazon, Barnes & Noble, e de steak houses (meio como churrascarias). Compensaria mais, portanto, pegar 50 dólares por 23 mil pontos. O problema é que isso me forçaria a gastar 50 dólares num só lugar. Prefiro receber 48 dólares livres pra poder fazer o que quiser com eles, inclusive guardá-los (o maridão corrigiu: “O problema pra você é essa palavrinha, gastar, sua pão-dura miserável”).

Outras coisinhas que me atraíram: travesseirinho pra segurar o pescoço durante uma viagem longa, 12 mil pontos (tá caro, mas algum dia vou precisar de um travesseirinho desses); um pedometer (não confunda!), aparelhinho que marca quantos passos (não puns) damos por dia, 13,500 pontos (acho que eu ficaria viciada num aparelhinho assim); 9,250 pontos podem ser convertidos em 25 dólares pra gastar numa rede de cinema (daria pra menos de duas idas entre eu e o maridão, que geralmente pagamos US$ 7,50 de ingresso cada um). E coisinhas que eu não preciso nem quero, mas, mesmo que quisesse, estariam além da minha capacidade pontual: um aparelho dvd Philips vale 30,500 pontos, e um i-Pod, 77 mil pontos (se estiver curioso/a, o catálogo de recompensas tá aqui). Vejamos, no meu ritmo de consumo, eu levaria mais de três anos pra acumular pontos pra trocar por um i-Pod. Melhor que os 35 anos do fogão, mas ainda assim... Três anos é um bocado de tempo.

Os bancos também tentam pagar pra que o cliente deixe dinheiro na poupança, o que não é nada comum num país endividado até o pescoço como este. Se você autorizar que o banco tire pelo menos 25 dólares por mês da sua conta e os coloque numa poupança, dá pra ganhar até cem dólares. Mas se você tiver que mexer nesse dinheiro guardado antes de seis meses, o banco pega de volta os cem dólares que te deu. E às vezes os bancos não dão dinheiro, mas objetos pra quem abre conta com poupança automática. Um me ofereceu uma mini-filmadora. Presente como o que o Michael Moore relata em Tiros em Columbine - “abra uma conta e ganhe um rifle” - ainda não tive o prazer de ver. Deve ser no Texas.





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