Ativismo de rua é vantagem para a esquerda
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Ativismo de rua é vantagem para a esquerda


Ou Profissão: Revolucionário

Rodrigo Constantino

Vou tentar explicar de forma bastante sucinta porque a tendência é o ativismo das ruas virar monopólio das bandeiras de esquerda, como sempre foram. Entender essa lógica é fundamental para aquele grupo de liberais ou libertários empolgado com as manifestações, pensando ser possível capturar as ruas para o lado de cá.

O liberal, por definição, possui visão antiestatizante e mais individualista, menos coletivista. Além disso, ele costuma defender a meritocracia e o livre mercado, premiando o esforço do indivíduo. Isso faz com que ele, normalmente, valorize bastante a educação, o trabalho, a preparação em nível individual para subir na vida.

Em meu tempo de PUC, a distinção não poderia ser mais clara: no mesmo pilotis, habitavam os futuros economistas e advogados, aproveitando o tempo vago entre aulas para estudar, e o pessoal de comunicação, que formava o grupo "Cambralha", uma turma que parecia ter tempo vago infindável para fumar maconha e "debater" sobre os males da humanidade.

É claro que estou generalizando e, portanto, sendo injusto com muitos casos individuais. Mas o grande quadro era esse mesmo. Lembro-me perfeitamente quando a lanchonete Subway anunciou que teria uma filial na faculdade. Os economistas e advogados agradeceram mais uma opção de lanche rápido, e os esquerdistas do "Cambralha" fizeram o que mais gostam: um teatrinho para protestar, com todos de mãos dadas lutando contra o "capitalismo". O slogan era "A PUC não é shopping center". Losers...

Mas eis o meu ponto principal: liberal quer ralar para ser alguém na vida, e para tanto precisa estudar e trabalhar. Já muito esquerdista, desde cedo, percebe que há uma alternativa para os vagabundos: pegar megafones, gritar slogans populistas, vestir camisa do assassino Che Guevara e pintar o rosto em passeatas. Eles aprenderam que alguns chegam até ao Senado com essa incrível trajetória! Os outros, como prêmio de consolação, ganham postos em sindicatos e estatais.

Logo, quanto mais tempo a "ocupação" das ruas demorar, mais os liberais terão que abandonar a farra e retornar para suas vidas cansativas, de dedicação aos estudos e ao trabalho. Já os esquerdistas verão nisso uma oportunidade para seu futuro na política, nos sindicatos, na UNE. A desvantagem é evidente para o lado liberal.

Para piorar, há a questão do financiamento. O liberal acredita na responsabilidade individual e condena o estado inchado; já o esquerdista adora mamar nas tetas estatais! Ele suga os impostos dos outros via ONGs, sindicatos, patrocínios estatais etc. Nenhum grupo com bandeiras liberais terá fôlego para manter um exército de ativistas nas ruas; os esquerdistas vivem disso!

As manifestações têm sido marcadas cada vez mais cedo, no meio da semana. Quanto mais tempo isso durar, menos adesões de liberais veremos, e maior será a parcela dos esquerdistas defensores do grande estado. Além disso, os liberais também vão acabar retirando seu apoio, pois manifestações no meio do dia são desastrosas para os negócios. Quem depende do lucro para sobreviver não pode se dar ao luxo de parar dia sim, dia não, de perder faturamento. Já quem vive de impostos pode passar o dia inteiro nas ruas, pregando um "mundo melhor".

Espero ter deixado bem claro porque os liberais deveriam condenar esse tipo de "democracia das ruas". Ela estimula a demagogia, o sensacionalismo e o populismo, e ainda por cima se torna território quase exclusivo, com o passar do tempo, da esquerda. Esse não é o nosso campo de batalha.




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