BC vai reduzir a taxa de juros?
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BC vai reduzir a taxa de juros?


Por Altamiro Borges

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central volta a se reunir nesta semana para fixar a taxa básica de juros, a famosa Selic. Diante do agravamento da crise capitalista internacional e do risco de contágio no Brasil, até setores da mídia passaram a defender a sua “lenta” redução. No governo federal, a “torcida” também é a mesma.



Mas o Banco Central do Brasil nem parece pertencer ao Brasil. Ele se coloca acima do governo eleito e atua como um órgão independente. Presta mais reverência aos chamados “agentes do mercado”, o nome fictício dos banqueiros e dos rentistas. E a pressão do capital financeiro é pelo aumento ou, no mínimo, pela manutenção da taxa de juros – a mais alta do mundo.

Desaquecimento da economia

Caso o BC aprove nesta quarta-feira a manutenção da taxa em 12,5%, ele estará cometendo um grave crime contra a nação, penalizando principalmente os trabalhadores e o setor produtivo. Devido ao tripé neoliberal de aumento dos juros, aperto fiscal e libertinagem cambial, já são evidentes os sinais do desaquecimento da economia brasileira.

O próprio governo já admite que a taxa de crescimento neste ano ficará abaixo dos 4%. Na semana passada, Guido Mantega garantiu que ela seria superior, mas agora o Ministério da Fazenda projeta que a economia crescerá apenas 3,7%. A mesma projeção é feita por entidades da indústria e comércio, que já se queixam do aumento de estoques e da retração das vendas. Os rentistas, por sua vez, apostam num crescimento mais próximo dos 3% - o que teria destrutivos impactos na economia real.

“Reserva de caixa dos banqueiros”

Apesar destes sinais preocupantes, o capital financeiro pede – ou exige – “cautela” ao Banco Central. Afirma que a redução dos juros pode ressuscitar o monstro da inflação. Além disso, para garantir seus altos rendimentos, ele “recomenda” maior aperto fiscal, com drásticos cortes nos gastos públicos. E o governo Dilma, infelizmente, cede ao “deus-mercado”...

Tanto que a economia para o famigerado superávit primário – a “reserva de caixa dos banqueiros” – bate recorde. Segundo o BC, houve um aumento de 111% no superávit até julho, com o entesouramento de R$ 92 bilhões somente para pagar juros da dívida. Em apenas sete meses, o governo “economizou” o equivalente a 78% da meta de superávit para todo o ano.

Brasil, o paraíso dos banqueiros

Somente em julho, o governo “poupou” R$ 13,8 bilhões - para a alegria dos banqueiros. Mas este brutal aperto fiscal não foi suficiente para cobrir os gastos com os juros, que chegaram a R$ 18,8 bilhões. De janeiro a julho, os juros surrupiaram R$ 138,5 bilhões – superior aos R$ 109,1 bilhões em igual período de 2010. É um verdadeiro roubo dos cofres públicos.

Com isso, a oligarquia financeira ganha muita grana – o transforma o Brasil num paraíso dos especuladores e dos bancos –, e a sociedade continua perdendo. E, mesmo assim, a ditadura do capital financeiro ainda exige mais do governo... que cede!




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