Bolha eleitoral - JOSÉ PAULO KUPFER
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Bolha eleitoral - JOSÉ PAULO KUPFER


O GLOBO - 25/07


Se está cada vez mais difícil produzir, vender e obter lucro, na economia brasileira, de onde viria essa animação toda dos pregões?

O mercado de ações brasileiro ficou perigoso para amadores. Movimentos especulativos, a partir do resultado de pesquisas eleitorais, tornaram-se corriqueiros e ampliaram a volatilidade dos pregões. Há evidências de que pelo menos uma parte da ?puxada? nas cotações não se sustenta em bases técnicas.

De março para cá, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, descolou-se de seus congêneres de mercados emergentes. Nestes, no período, a alta, em dólar, foi de 15%, metade da elevação observada no Brasil. Outro indicador da evolução dos pregões, o índice MSCI (do banco de investimento global Morgan Stanley), aponta na mesma direção. Partindo de uma base idêntica em janeiro deste ano, o índice de emergentes subiu, até julho, pouco mais de 5%, ao passo que o MSCI Brasil avançou quase 15%.

Com a economia real despachando uma sucessão de números ruins, corroborando projeções de crescimento abaixo de 1% em 2014, inflação no teto da meta e corda esticada no setor externo, convenhamos que não é muito simples explicar desempenho tão positivo. Se está cada vez mais difícil produzir, vender e obter lucro, na economia brasileira, de onde viria essa animação toda dos pregões?

O UBS, outro banco de investimento global, encontrou a resposta na reação do mercado aos vaivéns das pesquisas eleitorais. Comparando as altas recentes com as tendências históricas e a evolução de mercados similares, o banco chegou à conclusão de que os ganhos do Ibovespa estão quase metade acima daquele que poderia ser considerado seu desempenho ?normal?. Segundo o UBS, as razões para isso podem ser localizadas na influência política derivada da marcha das pesquisas eleitorais e do que delas é possível projetar sobre as chances de vitória da oposição ? que analistas financeiros avaliam variar, no momento, entre 40% e 70%.

Estabeleceu-se, a partir da rejeição pelo mercado da política econômica de Dilma e do modo como a presidente, em busca da reeleição, conduz a economia, uma relação inversa entre seus índices eleitorais e os dos ativos. Quando Dilma sobe, as ações caem e o real desvaloriza. Quando cai, dá-se o inverso.

O fenômeno também explicaria parte das altas dos papéis da Petrobras, estatal presumivelmente mais exposta aos ruídos políticos, que chegaram a superar 50%, em dólar, desde março, mesmo com todos os atuais problemas enfrentados pela empresa. Nos cálculos do UBS, a parcela dessa alta devida à expectativa de uma oposição eleitoralmente mais competitiva responderia, dependendo do índice com o qual a comparação é feita, por algo entre 20% a 40% do excedente sobre o desempenho ?normal" da ação.

Não é novidade que expectativas políticas influenciam mercados financeiros. Os ativos sempre balançam sob o impacto de tensões e conflitos, principalmente em regiões com abundância de recursos naturais estratégicos. Também no Brasil pós-redemocratização, eleições têm impactado os pregões. A lembrança recente mais forte remete ao segundo semestre de 2002, quando a presunção de que Lula, se eleito naquele ano, promoveria reformas antiliberais estressou o mercado e fez explodir a cotação do dólar.

Esse tipo de situação, não tão incomum, reflete uma anomalia, propícia à formação de bolhas e ao aumento das instabilidades já naturais dos mercados financeiros. No fim da história, ficou tão impossível prever o resultado das urnas, em outubro, quanto saber, neste momento, o que acontecerá quando a bolha eleitoral estourar.




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