Por Altamiro BorgesO Procon de São Paulo divulgou nesta semana o ranking das empresas que mais atazanam seus clientes em 2011. Após cinco anos seguidos na liderança, a multinacional espanhola Telefônica perdeu o vergonhoso posto para o Bradesco. O órgão de defesa do consumidor recebeu 1.723 queixas contra o banco “privado” – 49% a mais do que em 2010.
28.164 queixas dos serviços bancáriosEm segundo lugar no vexaminoso ranking ficou a B2W, responsável pelos sites Americanas, Submarino e Shoptime. A companhia, maior varejista online do país, recebeu 1.574 reclamações – 387% a mais que no ano anterior. Por determinação do Procon-SP, ela inclusive foi proibida de vender mercadorias por 72 horas, mas ela recorreu à Justiça e voltou a operar seu serviço na internet.
Na sequência, em terceiro lugar, aparece outra instituição financeira, o Itaú-Unibanco. Considerando-se todas as reclamações de 2011, os bancos foram os mais criticados. No total, foram 28.164 queixas de clientes. “Os canais de atendimento ao consumidor e a ouvidoria dos bancos não conseguem solucionar coisas básicas”, afirma Selma do Amaral, diretora de atendimento do Procon.
Mídia corporativa ofuscará o rankingPor ocasião do Dia Mundial do Consumidor, em 15 de março, o Procon-SP informou que passará a divulgar online o ranking das 30 empresas que geram mais queixas. “A lista será atualizada diariamente e estará disponível no site www.procon.sp.gov.br, indicando também as irregularidades e o índice de solução dos fornecedores aos casos reclamados”.
Este serviço possibilitaria excelentes pautas jornalísticas. Mas, como ironizou o sempre atento Antônio Mello em seu blog, a mídia corporativa não deverá dar muito destaque ao ranking do Procon. Afinal, as empresas “privadas” que mais atazanam os clientes são as mesmas que investem fortunas em anúncios publicitários nos jornalões, revistonas e emissoras de televisão.
“Assunto tabu” na TV GloboO Jornal Nacional da Globo, por exemplo, ignorou solenemente o Dia Mundial do Consumidor, “talvez porque a empresa campeã em mau atendimento ao consumidor seja o Grupo Bradesco, principal patrocinador do JN. Em 2010, o Bradesco desbancou o Itaú (então o patrocinador do JN), com uma cota de patrocínio de R$ 120 milhões”, lembra o blogueiro, que complementa:
“Certamente, em nome dessa parceria, Ali Kamel e seus comandados chutaram pro alto o Código de Ética, lançado com pompa e circunstância pela Rede Globo, que, na Seção I, Item 1, afirma: ‘Não pode haver assuntos tabus. Tudo aquilo que for de interesse público, tudo aquilo que for notícia, deve ser publicado, analisado, discutido’. Ao não fazer a reportagem, o JN mostra que é realmente parceiro de seu patrocinador, ambos desrespeitando seus clientes, consumidores, telespectadores”.
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