Por Altamiro BorgesSegundo pesquisa divulgada pelo Procon nesta semana, os grupos Claro, Itaú-Unibanco e Telefônica-Vivo lideraram pelo segundo ano consecutivo o ranking das empresas com mais reclamações da população de São Paulo em 2013. O grupo América Móvil - formado por Claro, Net e Embratel - ocupou a primeira posição da lista, com 2.246 reclamações fundamentadas (que não são solucionadas na etapa inicial do atendimento). Já o banco Itaú recebeu 1.897 queixas e a Telefônica/Vivo teve 1.536 reclamações. Em 2012, estas três companhias ocuparam exatamente as mesmas posições. Diante das inúmeras irregularidades constatadas, fica a pergunta do consumidor lesado: será que estas empresas, que obtêm lucros estratosféricos, serão punidas pelo governo?
Em janeiro passado, entrou em vigor em São Paulo uma lei que obriga as dez empresas com mais reclamações, segundo ranking anual do Procon-SP, a exibir em seus pontos de venda e atendimento a lista suja da qual fazem parte. Pela norma aprovada, caso as companhias não cumpram esta determinação num prazo de 30 dias, elas ficam sujeitas às sanções previstas no Código de Defesa do Consumidor, que incluem multa e a até cassação da licença. Será que a lei é para valer? Ou foi mais uma jogada de marketing do governador Geraldo Alckmin, que tenta desesperadamente a sua reeleição? No caso das empresas que figuram no ranking de 2013 não dá nem para justificar os péssimos serviços prestados aos clientes. Elas são reincidentes nos crimes!
Segundo o Procon-SP, bancos e empresas de telefonia lideram o ranking das reclamações: 9 das 10 empresas mais reclamadas pertencem a esses segmentos bilionários. Nas instituições financeiras, os principais problemas estão relacionados à cobrança de tarifas, ao financiamento de veículos e às dificuldades para liquidação antecipada de crédito consignado. Já entre as teles, a telefonia fixa é a principal vilã, apesar do seu crescimento quase residual, com queixas dos usuários sobre queda das ligações e cobrança abusiva, principalmente no interior de São Paulo. Os pacotes “combos”, que reúnem diversos serviços, também são outro foco de reclamações. De acordo com o Procon-SP, as ofertas não são claras e há muitas dificuldades no cancelamento dos contratos.
Enquanto penalizam seus clientes com péssimos serviços, os bancos e as teles continuam liderando também o ranking dos lucros no Brasil. O Itaú, que adora ser palanque da oposição demotucana e mantém relações com Marina Silva, teve um lucro recorde de R$ 15,7 bilhões em 2013 – 15,4% superior ao de 2012. “Foi o melhor desempenho desde a fusão com o Unibanco, em um ambiente macroeconômico não tão maravilhoso, o que valoriza ainda mais o resultado”, festejou Roberto Setúbal, presidente-executivo do Itaú. No mesmo período, o poderoso banco foi acusado de sonegar impostos ao governo federal. Agora, ele aparece em segundo lugar no ranking de reclamações do Procon-SP.
Já no caso das empresas de telecomunicações, elas mantêm o ritmo acelerado e suspeito de fusões e incorporações, elevando ainda mais seus rendimentos e reduzindo seus custos – principalmente com a demissão de funcionários. Em janeiro, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, “sem restrições”, a fusão das empresas Portugal Telecom e Oi. Em outra operação nebulosa, o jornal Valor noticiou no mesmo mês que “a Telefônica prepara uma oferta conjunta com a América Móvil, dona da Claro, e Oi pela TIM Brasil... A operação, que estaria sendo coordenada pelo banco BTG Pactual, está em estágio avançado e a oferta pode ocorrer” nos próximos meses. O setor fica cada vez mais monopolizado, poderoso, o que prejudica ainda mais os clientes!
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