Geral
Brasil é o campeão mundial na natação
Cesar cai na água em quarto, tira vantagem em cima de campeão olímpico e dá o sétimo ouro ao Brasil, que termina na ponta do quadro de medalhas em Doh
Antes da disputa do revezamento 4x100m medley do Mundial de Natação em piscina curta, em Doha, Cesar Cielo havia dito que o Brasil brigaria para levar o bronze. Mal sabia que ele mesmo apagaria sua previsão. Com uma atuação antológica, ele caiu na água na quarta posição, atrás de Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, e conseguiu levar o Brasil à medalha de ouro. Cielo mergulhou 0s85 atrás de Ryan Lochte, que fechava a prova para o time americano. Nos metros finais, após deixar para trás o francês Clement Mignon e o britânico Benjamin Proud, o brasileiro superou também o astro americano para coroar uma participação memorável da natação brasileira: o sétimo ouro, a décima medalha do país, líder geral do quadro de medalhas da competição no Catar.
- Não vou dizer que a gente esperava ganhar a competição. Isso é inédito para o Brasil, é uma surpresa muito grande. O (Felipe) França, com cinco medalhas de ouro, deve ser uma das maiores vitórias de um brasileiro. Estou muito contente com os meus 100m livre. Posso comparar com o Mundial de Barcelona, com as Olimpíadas de Pequim. Nadar com eles é uma alegria a mais. Temos um grande time - disse Cielo ao SporTV após o revezamento.
Guilherme Guido, Felipe Franca, Marcos Macedo, Cesar Cielo: o Brasil no topo em Doha (Foto: Satiro Sodre / SSPress)
Para o maior nadador brasileiro de todos os tempos, a conquista em grupo teve sabor especial:
- O pessoal fez um trabalho excepcional. De todas as medalhas que já ganhei, dividir com os amigos é muito bacana. A gente trabalha muito para chegar aqui. Foi um efeito bola de neve. Entrou Etiene, o França e o revezamento agora. Foi superbacana. Espero que a gente continue nesta pegada.
Com sete ouros, uma prata e dois bronzes, o Brasil pulou para a ponta do quadro de medalhas no último dia de provas em Doha, com dez no total. A Hungria ficou em segundo, com seis ouros, três pratas e dois bronzes (11 no total); e a Holanda acabou em terceiro, com cinco ouros, uma prata e seis bronzes (12 no total) - o número de ouros é o critério predominante na classificação.
Quadro final de medalhas do Mundial de piscina curta de Doha (Foto: Reprodução) Foi um domingo perfeito para a natação brasileira. Cesar Cielo abriu os trabalhos superando Florent Manaudou nos 100m livre e conquistando o bicampeonato mundial da prova. Em seguida, Etiene Medeiros brilhou nos 50m costas, quebrou o recorde mundial e trouxe para o Brasil a primeira medalha individual feminina na história dos mundiais. Com três ouros já garantidos, Felipe França resolveu encher ainda mais a bagagem, vencendo os 50m peito. E ele não pararia por aí...
Por fim, com Cielo, França, Guilherme Guido e Marcos Macedo, a emocionante vitória no revezamento 4x100m medley para fechar com chave de ouro a melhor participação do país em mundiais.
- Do ano passado para cá, eu perdi 20kg. Foi um peso que tirei das minhas costas (risos). Tenho que agradecer a muitas pessoas. Estamos caminhando juntos rumo ao Mundial de Kazan. Subi mais um degrau para 2016 - disse Felipe França após faturar sua quinta medalha de ouro em Doha.
Com o Rio 2016 no horizonte - e uma distante escala em Kazan para o Mundial de piscina longa no ano que vem - a natação brasileira fecha um 2014 animador, contando também com os títulos de Ana Marcela Cunha e Allan do Carmo no Circuito Mundial de maratonas aquáticas.
Cielo, Felipe França, Marcelo Macedo e Guilher guido, mundial de natação (Foto: Satiro Sodré / SSpress) A provaGuilherme Guido abriu os 100m costas e entregou para Felipe França na terceira posição, atrás de EUA e Austrália. O nadador de peito manteve a posição, mas agora com EUA em segundo e Grã-Bretanha na frente. Era a vez de Marcos Macedo, que começou bem no borboleta, mas cansou no fim e deixou o Brasil em quarto (2m36s47), a 85 centésimos dos EUA, líderes da disputa (2m35s62). E ainda havia França e Grã-Bretanha a alcançar.
Cielo foi para água na raia 1, ao lado do americano Ryan Lochte, maior medalhista da história da competição e que já subiu ao pódio 11 vezes em Olimpíadas. Aos poucos, o brasileiro tirou a vantagem dos demais e, nos últimos cinquenta metros, já aparecia em segundo, 0s50 atrás da equipe americana.
Neste momento, o complexo veio abaixo. Com gritos de brasileiros vindos de todas as partes, Cielo forçou o ritmo e, na batida de mão, garantiu o sétimo ouro do Brasil na competição, terceiro dele. O tempo final foi de 3m21s14, contra 3m21s49 dos americanos e 3m22s26 dos franceses. Quem fechou a prova foi Manaudou, o mesmo que havia vencido Cielo nos 50 e perdido nos 100m.
O troco de CieloCesar Cielo, com lágrimas nos olhos, após o título dos 100m livre (Foto: Satiro Sodré / SSpress) Maior nadador da história do Brasil, Cesar Cielo estava mordido depois do bronze nos 50m livre. Contra o mesmo rival, Florent Manaudou, o brasileiro conseguiu a medalha de ouro nos 100m livre, com direito a virada nos últimos metros. A vitória veio com o tempo de 45s75, apenas seis centésimos a frente do rival. Foi o décimo título mundial da carreira de Cielo, o terceiro na prova dos 100m livre e o segundo em piscina curta.
A primeira vezEtiene Medeiros no pódio dos 50m costas (Foto: Satiro Sodré / SSpress) Etiene Medeiros se tornou a primeira brasileira a conquistar uma medalha em provas individuais na história do Campeonato Mundial de natação. E não foi qualquer medalha. Etiene venceu os 50m costas, com recorde mundial, batendo à frente da nadadora mais completa da competição, a húngara Katinka Hosszú, que ficou com o bronze. O tempo de Etiene foi de 25s67, deixando a australiana Emily Seehbolm em segundo (25s83) e Katinka em terceiro.
Felipe soberanoFelipe França é campeão mundial dos 50m peito (Foto: Satiro Sodré/SSPRESS) Antes de completar a quina no revezamento 4x100m medley, Felipe França conquistou sua quarta medalha de ouro no Mundial. Na sua prova mais forte, em que já tinha sido campeão do mundo outras duas vezes (2010 na curta e 2011 na longa), ele venceu com a marca de 25s67, 0s24 à frente dos seus dois maiores rivais, o britânico Adam Peaty e o sul-africano Cameron Van der Burgh, que empataram em segundo.
A forma como título veio foi incontestável. Nos primeiros quinze metros, já era nítida a vitória do brasileiro. No fim, Felipe bateu em primeiro com tranquilidade.
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