Brasília faminta - PAULO GUEDES
Geral

Brasília faminta - PAULO GUEDES


O GLOBO - 08/07
A percepção popular de que sobram privilégios e falta responsabilidade à classe política ressoa na voz das ruas. No exato momento em que o povo reclama do desconforto diário e do alto custo para chegar ao trabalho e voltar para casa, gastando muito tempo e dinheiro com transportes públicos, os presidentes do Senado e da Câmara e o ministro da Previdência Social usam jatinhos da FAB para programações sociais com amigos e familiares. É cada vez mais perturbadora a insensibilidade dos políticos aos desafios de uma democracia representativa diante de inovações tecnológicas como as redes sociais. Nesta nova era de transparência e responsabilização na condução de atividades públicas, há fotos e testemunhos de seus abusos da coisa pública em tempo real.
A escalada dos impostos tornava os privilégios dos aristocratas mais evidentes e ofensivos ao restante da população. A centralização burocrática do poder político e dos recursos financeiros enfraqueceu também a legitimidade dos poderes locais. A manutenção dos privilégios e a ausência de responsabilidades destruíram a legitimidade da aristocracia , diagnosticava Alexis de Tocqueville, em seu clássico O Antigo Regime e a revolução (1856). À medida que a opinião pública se inflama, o Parlamento avança sobre assuntos políticos, mas o governo central e seus agentes, com requintes aperfeiçoados pela experiência de ocupação da máquina pública, usurpam ainda mais poderes administrativos. Em seu capítulo VII, intitulado Como a capital da França adquiriu preponderância sobre as províncias e usurpou ainda mais poderes para controlar a nação , Tocqueville refere-se a uma carta escrita a um amigo por Montesquieu em 1740: A França não é mais do que Paris e as poucas distantes províncias que Paris ainda não teve tempo de engolir. Há uma crise de representatividade no ar. A social-democracia hegemônica não ousou enfrentar o Estado do Antigo Regime. Ante o desafio das reformas, preferiu aliar-se aos conservadores. Mesmo em sucessivas tentativas de estabilização, esteve sempre ausente a dimensão fiscal. As alianças PSDB-PFL e PT-PMDB são o testemunho de uma transição incompleta do Antigo Regime para a Grande Sociedade Aberta. O abraço de Lula, Maluf e Sarney explica tudo.




- Males Antigos - Paulo Guedes
O GLOBO - 17/03A inflação ascendente e os escândalos de corrupção tornaram reforma do Estado e mudança do regime fiscal temas inevitáveis das eleiçõesO espetáculo da reforma ministerial agitou nossos meios políticos. A reacomodação dos situacionistas...

- Volta Ao Passado - Paulo Guedes
O GLOBO - 02/12A má notícia é que se aprofunda a deterioração dos fundamentos fiscais da economia brasileira. Estamos cada vez mais distantes de metas fiscais desejáveis. A boa notícia são os bem-sucedidos leilões de privatização de aeroportos...

- Raízes Do Atraso - Paulo Guedes
O GLOBO - 28/10 Existe uma associação histórica entre o fechamento de um regime político e o aumento de intervencionismo no regime econômico. Pois bem, o regime militar brasileiro (1964-1985) seguiu o mesmo padrão, fechando o sistema político e...

- Luzes Acesas - Paulo Guedes
O GLOBO - 01/07As pesquisas de opinião após a onda de protestos nas ruas indicam queda abrupta da popularidade da presidente Dilma Rousseff e forte elevação das intenções de voto em Marina Silva. O também candidato Aécio Neves tem uma boa leitura...

- Tocqueville
...



Geral








.