Raízes do atraso - PAULO GUEDES
Geral

Raízes do atraso - PAULO GUEDES


O GLOBO - 28/10

Existe uma associação histórica entre o fechamento de um regime político e o aumento de intervencionismo no regime econômico. Pois bem, o regime militar brasileiro (1964-1985) seguiu o mesmo padrão, fechando o sistema político e aumentando, na seqüência, o grau de intervenção econômica. Vêm daí o excesso de burocracia e regulamentações inúteis, a proliferação de empresas estatais e de bancos públicos, o fechamento da economia, os controles de preços, muitos impostos, a concentração de gastos públicos em infraestrutura física e o baixo investimento em saúde e educação.

Obras bilionárias e inacabadas, como a Transamazônica, a Ferrovia do Aço e o programa nuclear, teriam sido impedidas por vozes democráticas nas ruas. A centralização dos recursos na esfera federal enfraqueceu o poder político dos governos estaduais e municipais. Por tudo isso, o desempenho econômico brasileiro começou a cair. O governo Geisel (1974-1979) tentou ainda sustentar um elevado ritmo de crescimento com um programa de substituição de importações à base de endividamento externo. E o governo Figueiredo (1979-1985) tentou o mesmo com orçamentos abertos para o crédito agrícola, maxidesvalorizações cambiais e subsídios para estimular as exportações e endividamento interno em bola de neve. A inflação disparou.

Com a redemocratização, há enorme pressão por gastos públicos. Estavam em 20% do PIB em 1985 e hoje beiram os 40%. Pois a Nova República não conseguiu ser nova. Nasceu sob a síndrome da ilegitimidade pela morte de Tancredo Neves. Não ousou desmontar o Antigo Regime e seus privilégios, para acomodar nos orçamentos públicos os gastos sociais legítimos de uma democracia emergente. Foi capturada por uma social-democracia despreparada em matéria econômica e prisioneira de acordos com políticos conservadores em nome da "governabilidade". Mergulhamos nossa economia no caos da moratória externa, da hiperinflação em câmera lenta (sob o efeito entorpecente da indexação generalizada) e do congelamento da poupança dos brasileiros. Apesar da estabilização (FHC) e da maior inclusão social nos orçamentos públicos (Lula), a verdade é que só temos partidos políticos com plataformas obsoletas. A economia segue travada nesse baixo ritmo de crescimento do PIB, em torno de 2,5% ao ano. 




- Males Antigos - Paulo Guedes
O GLOBO - 17/03A inflação ascendente e os escândalos de corrupção tornaram reforma do Estado e mudança do regime fiscal temas inevitáveis das eleiçõesO espetáculo da reforma ministerial agitou nossos meios políticos. A reacomodação dos situacionistas...

- Volta Ao Passado - Paulo Guedes
O GLOBO - 02/12A má notícia é que se aprofunda a deterioração dos fundamentos fiscais da economia brasileira. Estamos cada vez mais distantes de metas fiscais desejáveis. A boa notícia são os bem-sucedidos leilões de privatização de aeroportos...

- Brasília Faminta - Paulo Guedes
O GLOBO - 08/07A percepção popular de que sobram privilégios e falta responsabilidade à classe política ressoa na voz das ruas. No exato momento em que o povo reclama do desconforto diário e do alto custo para chegar ao trabalho e voltar para casa,...

- A Pressão Pela Volta Do Tripé Neoliberal
Do blog de Zé Dirceu: A semana termina com o aumento da pressão sobre a presidenta Dilma Rousseff e o governo para a adoção do tripé econômico da era FHC (geração de superávits primários, manutenção de câmbio flutuante e regime de metas...

- "social"
O PSD conseguiu arranjar uma expressão com o adjectivo "social" a que se agarrar, para mostrar que tambérm cuida do dito adjectivo e não é tão neoliberal como o pintam -- nada menos que a noção de "economia social". Do que se trata, porém, é...



Geral








.