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CAFUNÉ DE LEITORA EM MIM
Sabe aquela pessoa chata e insuportável que conta, sem humor autodepreciativo, como alguém a elogiou? Pois bem, essa sou eu. Mas só por hoje. É que recebi este email de uma leitora, me emocionei, e não resisti: pedi pra ela autorização pra publicá-lo. E não sei bem porquê. Claro que faz bem pro ego, mas, acima de tudo, um email desses me abre os olhos, me faz acreditar que o que tod@s nós que lutamos (cada qual a sua maneira) pra mudar o mundo não é em vão. A gente faz a diferença. E nessas horas vejo que vale a pena gastar muito do meu tempo - que deveria estar sendo usado pra minha profissão e pro meu lazer - escrevendo o blog. Então, muitíssimo obrigada pelo recado, Letícia.
Oi Lola, tudo bem? Tenho 17 anos, leio seu blog há pelos menos 2 anos e meio, e sou estudante em tempo integral. Mesmo sendo sua leitora há algum tempinho, nunca comentei em seus posts, pois sou bem tímida, mas resolvi te mandar esse e-mail pra que você saiba como seus textos me ajudaram, tanto nos estudos quanto pessoalmente. Pra você entender melhor do que estou falando, vou começar contando um pouco sobre a minha infância (que não se passou há muito tempo, né). Eu era uma menina vaidosa ao extremo, e quando tinha 10 anos não saía de casa sem brincos ou maquiagem, o que não era culpa dos meus pais, que sempre deram valor maior aos meus estudos. A verdade é que sempre que ligava a TV via essas mulheres lindas, perfeitamente arrumadas e admiradas por todos os ‘príncipes encantados’, e as tomava como um modelo pessoal. Até ai tudo bem, já que eu, supostamente, não estava fazendo mal para ninguém. O problema é que, quando estava na 5ª série, uma menina diferente entrou em minha sala. A diferença a qual me refiro é que ela não gostava de se arrumar tanto quanto eu. Ela era inteligente, dedicada e simpática, mas eu tinha vergonha de andar com ela porque seu cabelo estava sempre despenteado e porque usava roupas do irmão, já que não tinha muito dinheiro. Eu sempre estudei em escola estadual, então acho que isso retrata que o preconceito não se restringe a escolar particulares. Passei um bom tempo estudando com essa menina, até a 8ª série, se não me engano, e quanto mais a conhecia, menos me importava com o jeito que ela se vestia. Foi quando resolvi contar a minha mãe como me sentia. É graças a ela que eu não sustento mais esse tipo de preconceito, aliás, nenhum tipo, já que nessa conversa, ela me mostrou, tomando como exemplo a minha amiguinha, o quanto diferenciar os outros pode ser injusto e nos privar de fazer grandes amizades. Foi a partir desse momento que comecei a me interessar por textos, livros e filmes que falassem sobre discriminação, e numa dessas pesquisas encontrei seu blog. Quando disse lá no inicio do texto que você me ajudou tanto no âmbito escolar quanto pessoal, falei sério. Depois que comecei a ler seu blog, passei a ter uma visão mais crítica dos fatos ao meu redor, e consigo formar opiniões sobre qualquer assunto, até mesmo sobre a forma que os telejornais transmitem uma notícia, o que me ajudou muito nas notas escolares. Já na parte pessoal, andei percebendo que me importo cada vez menos com a minha aparência. Vendo fotos antigas com minha prima, ela disse uma frase que dificilmente esquecerei: “Nossa, tá vendo como você era bonita? Agora nem passa batom para sair de casa, parece um bicho do mato”. Mas eu não fiquei brava com ela, não me senti inferior, nem com raiva. Foi como se eu estivesse vendo a mim mesma ao falar com minha amiga que não era vaidosa, e percebi que me sinto bem melhor ao tomar mulheres inteligentes como modelo, e não apenas rostinhos bonitos, como fazia algum tempo atrás. Eu sei que essa historinha pode parecer coisa boba de criança, Lola, mas eu mandei esse texto enorme porque queria que você soubesse o quanto suas palavras podem influenciar (de uma maneira boa) a vida de uma menina, e pra que você nunca pare de escrever, mesmo que não tenha tempo para fazê-lo com tanta frequência, pois seu blog ajudou, e ainda vai ajudar, muita gente como eu. Eu sei que não escrevo muito bem, mas acho que consegui te dizer o que queria. Com carinho, Letícia.
P.S.: Eu não corrigi uma só vírgula dessa menina "que não escreve muito bem".
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