Por Altamiro Borges
Os fascistas mirins, filhinhos de ricaços corruptos que se travestem de éticos, estão cada vez mais agressivos. Na noite desta segunda-feira (21), um grupo de playboys tentou intimidar o compositor, cantor e escritor Chico Buarque quando ele deixava um restaurante no Leblon, bairro nobre do Rio de Janeiro. "Petista, vá morar em Paris", gritaram os direitistas mimados. Apesar das provocações, o renomado artista se manteve calmo e até polemizou com os fanáticos. "Vocês são leitores da Veja?", indagou Chico Buarque, com sua fina ironia.
O incidente, que revela a imbecilidade e hipocrisia destes falsos moralistas, foi registrado pelo site de fofocas Glamurama, hospedado no UOL:
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Chico Buarque, que circula sempre pelas ruas do Leblon, bairro onde mora, no Rio, foi provocado na noite dessa segunda-feira por conta de seu ativismo político em favor do PT. O músico, que saía de um jantar na rua Dias Ferreira com Cacá Diegues, foi cercado por uma turma de jovens entre 20 e 30 anos, que incluía o filho de Alvaro Garnero, empresário paulista, e o rapper Tulio Dek, ex-namorado de Cleo Pires. E começou um bate boca"
"Petista, vá morar em Paris. O PT é bandido", escutou Chico, que, ao se defender, disse que a posição do grupo era influenciada por veículos de comunicação e retrucou: “Eu acho que o PSDB é bandido”. A discussão, na porta do restaurante Sushi Leblon, um dos mais concorridos da região, tomou conta da rua. Chico xingou e foi xingado, mas manteve o tom de voz baixo, apesar da alta temperatura".
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Um dos pirralhos agressivos, o filho de Alvaro Garnero - o mimado "Alvarinho" - ganhou alguns minutos de fama em julho passado quando apareceu num vídeo beijando e acariciando o ex-craque aecista Ronaldo numa balada. O vídeo bombou nas redes sociais e gerou a revolta do empresário, que também é apresentador de programas de turismo na tevê. "Gente quanto absurdo! Muita maldade!", postou na ocasião. O empresário, que é filho de outra figura bastante controversa - o banqueiro Mário Garnero, que fez fortuna durante o regime militar e inclusive prestou serviços à sanguinária ditadura -, bem que poderia agora dar um puxão de orelha no seu filhinho provocador!
Sobre a provocação fascistoide contra Chico Buarque vale reproduzir o certeiro comentário publicado no blog Diário do Centro do Mundo:
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A lição de Chico na discussão no Leblon
Por Nathalí Macedo
No último dia 21, Chico Buarque foi provocado por um grupo de jovens que o insultavam por sua constante militância política:
“Petista, vá morar em Paris. O PT é bandido”
Sem alterar o tom de voz, Chico respondeu:
“Eu acho que o PSDB é que é bandido.”
E fim. Nenhum insulto, nenhum escândalo, nada que contradiga a personalidade pacífica – e não menos ativa do imortal artista brasileiro.
Chico Buarque é um verdadeiro mito da música e da militância. Um dos grandes artistas que burlaram a ditadura – como esquecer a genial Jorge Maravilha, que, reza a lenda, referia-se à filha do ex-presidente Ernesto Geisel?
É um artista brasileiro que jamais será esquecido. É aquele que já escreveu a sua história e ajudou – ainda ajuda, ao que nos parece – a escrever a história política de seu país. Ele definitivamente não precisa provar nada a ninguém.
Não precisa consumir os próprios neurônios discutindo com meia dúzia de jovens que provavelmente não têm a menor ideia do que estão dizendo. Não precisa, definitivamente, estragar o próprio jantar preocupando-se com os impropérios de quem – francamente! – não deveria sequer ter a pachorra de se dirigir a ele.
Chico não precisou levantar a voz para os fascistas que o abordaram na saída de um restaurante. Há pessoas que não merecem o nosso latim. É como jogar pérolas aos porcos, como diria a minha avó.
Nenhum grito vazio em pleno Leblon falaria mais do que a genial letra de “Cálice.” Nenhum insulto odioso seria mais didático que “Acorda amor”. A obra de Chico fala por ele. Do mesmo modo, o nosso discurso – sutil, elegante, calmo – fala por nós.
Chico me convenceu, mais uma vez, de que não precisamos consumir a nossa tranquilidade com bolsomitos e Sheherezades: a coerência está ao nosso lado e fala por nós. E é inútil tentar convencer quem não quer construir absolutamente nada além do alvoroço.
Guardemos a nossa energia para discutir com quem possa, ainda que minimamente, nos agregar algo. E que todo o resto jamais nos tire a calma.
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