COMO REAGIR DIANTE DE UM ALUNO MISÓGINO?
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COMO REAGIR DIANTE DE UM ALUNO MISÓGINO?


A D. me enviou este email um dia desses:
"Sou professora de ensino médio numa escola grande, mais ou menos privada (recebe subsídios de indústrias), que atende a uma classe social média baixa no interior de SP. Temos um aluno do primeiro ano que é bastante difícil. Ele caçoa de tudo, trata as aulas com arrogância, tendo até uma postura agressiva e intimidadora. É aquele tipo de aluno que você fica até com medo de contrariar, sabe? Pois sei lá, parece que a qualquer momento ele vai ter um ataque de fúria.
Alguns dias atrás a professora de sociologia da mesma escola chamou esse aluno para conversar em particular, para justamente tentar descobrir qual era o problema e tentar achar uma solução. E o aluno disse que ele odeia a escola e os professores, mas não todos, somente as mulheres! E que ele não admite ter que nos obedecer, e isso está fazendo com que ele guarde um grande ódio dentro dele.
Lola do céu! Sou eu que sou muito medrosa ou esse discurso na boca de um garoto de 15 anos é realmente assustador?!
E realmente a postura dele condiz com a fala, pois ele até respeita seus colegas de sala (mesmo as meninas, de certa forma) e é um aluno todo fofo nas aulas dos professores homens (que são uma minoria aqui... acho que nem 10% do quadro de professores são do sexo masculino).
Como lidar?"

Minha resposta: Acho que isso é mais comum do que a gente imagina, sabe? Afinal, meninos são condicionados a crescer com este senso de entitlement, essa sensação de que são especiais só por serem meninos, de que merecem seus privilégios. E, ao mesmo tempo, principalmente hoje em dia, eles também aprendem que precisam viver em sociedade, que o machismo está com os dias contados, que mulheres exercem todas as profissões e ocupam espaços. Eu já tive grandes conflitos com vizinhos homens que não toleravam que eu, uma mulher, mandasse que eles fizessem alguma coisa, como abaixar a música. O desprezo que eles sentiam por mulheres era evidente, já que eles se achavam os donos da rua.
Então é bem provável que este aluno seja um desses machões. E sim, isso é um tanto assustador. Mas manter um ar ameaçador faz parte da estratégia de ameaçar. E pelo menos esse aluno conseguiu verbalizar o que sente. Já é um primeiro passo. O próximo passo é fazê-lo ver que o que ele sente é completamente errado, e que na sua vida ele terá que conviver com mulheres, muitas deles em situações de poder em relação a ele. Se ele não entende isso, se saber que lidar com mulheres gera uma enorme frustração, é recomendável que ele faça terapia.
Acho também que precisa ficar claro pra ele que comportamentos assim não serão tolerados, que ele não tem o menor direito de discriminar ou destratar quem quer que seja por seu gênero, identidade sexual, raça etc. Não é uma questão de opinião ou de personalidade. Não existe isso de "Não gosto de mulheres, então vou ameaçar e agredir mulheres em posição de comando". Não é uma escolha individual.  
Também pode ser interessante que algum dos professores homens que ele ouve e respeita fale com ele. Vai saber se o aluno não está metido em um dos muitos fóruns e blogs misóginos disponíveis na internet...

Resposta da D: Acho bem provável que esse aluno esteja frequentado blogs e fóruns misóginos por aí... E sabe por que eu acho isso?
Porque Lola, eu trabalho com adolescentes. E eu sei que nessa idade rolam várias crises de identificação e coisas assim. E a maioria desses meninos apresenta reações machistas diante do mundo, justamente por serem criados assim, com aquele senso de entitlement que você disse. Mas a maior parte deles age assim por nunca ter pensado sobre o assunto, e quando são repreendidos, até entendem que agiram errado e tudo mais. Não digo que eles deixam de ser machistas, mas passam a pensar um pouco mais sobre isso, o que já é uma pequena conquista!
Só que esse menino já foi além, já deu um passo a mais. Pois ao verbalizar dessa forma seu descontentamento, ele demonstra já ter refletido sobre o assunto e já ter isso muito bem resolvido pra ele. Não sei se estou sendo clara, mas o que eu quero dizer é que quando ele falou que não aceitava receber ordens de mulheres, não foi como uma descoberta, ou algo que o estava incomodando e ele nem sabia o porquê. Ele disse de forma calma e racional, como se já tivesse pensado sobre isso e já tivesse chegado a uma conclusão.
Talvez eu que esteja assustada mesmo, mas acredito que tenho um pré-mascu na minha sala de aula.




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