Construção e desconstrução - TOSTÃO
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Construção e desconstrução - TOSTÃO


FOLHA DE SP - 18/06

As melhores seleções (Espanha, Itália e Brasil) e os maiores destaques (Xavi, Iniesta, Pirlo, Neymar e outros) brilharam na primeira rodada da Copa das Confederações.

Xavi e Pirlo possuem várias semelhanças. Por causa da idade, deverão deixar as seleções após a Copa do Mundo. Os dois atuam de uma intermediária à outra. Não são volantes nem meias. São armadores, defensivos e ofensivos. Pirlo se destaca ainda pelos passes longos e pelas jogadas de bola parada. Já Xavi, por saber o momento exato de dar um passe difícil e decisivo. Raramente, dá a bola para o outro time.

O Brasil, desde Falcão e Cerezo, não tem um craque no meio-campo. Há muitos bons jogadores. Não tem porque não quis ter. Não é por entressafra. Durante muito tempo, os técnicos dividiram o meio- -campo entre os que marcam e atuam do meio para trás e os que atacam e atuam do meio para a frente.

Se um Pirlo e um Xavi chegassem às categorias de base de um clube brasileiro, seriam meias ofensivos ou alas.

Xavi e Iniesta se completam. Xavi é mais volante, organizador, passador, técnico, e Iniesta, mais meia, ofensivo, habilidoso, driblador, insinuante. Como nada é perfeito --Pelé foi a exceção--, Xavi e Iniesta não são ótimos finalizadores.

Por isso, por não querer perder a bola e, principalmente, por não ter um excelente atacante, a Espanha faz poucos gols. Soldado mostrou, mais uma vez, que é melhor que Fernando Torres e David Villa.

O Brasil não tem um Xavi, um Iniesta, um Pirlo, mas possui Neymar no ataque. Ele não está ainda pronto, mas tem grandes chances de se tornar, nos próximos anos, um fenômeno mundial.

Escrevi, após a vitória sobre o Japão, que o Brasil já tem um time. Isso não significa que seja um grande time, que jogue do jeito que gostaria --sonho com outro futebol--, que não tenha deficiências individuais e coletivas nem que esteja pronto.

Ninguém está, nem Alemanha e Espanha. Temos todos os dias algo a aprender. Estamos sempre em construção, reconstrução e desconstrução.

O Brasil não tem um grande time, mas já tem um time, com uma estratégia definida e com jogadores que cumprem o que foi estabelecido.

Felipão sabe o que quer e sabe como fazer, mesmo com alguns conceitos equivocados, ultrapassados ou que não aprecio. Pior é o técnico confuso, indeciso.

Os treinadores costumam achar que as vitórias são sempre decorrentes de suas estratégias. As derrotas são por outros motivos.




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