Retrato na parede - TOSTÃO
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Retrato na parede - TOSTÃO


FOLHA DE SP - 22/12

Progressivamente, as grandes equipes do mundo estão abandonando o clássico meia de ligação


Lugano, zagueiro do Uruguai, disse que Cavani e Suárez formam a melhor dupla de ataque do mundo, entre as seleções. A da Argentina é superior a todas, com Messi e Agüero, além de formar um trio, com o ótimo Higuaín. Se Fred jogar no Mundial como fez na Copa das Confederações, ele e Neymar serão melhores que Cavani e Suárez, por causa de Neymar.

Alemanha e Espanha não possuem uma ótima dupla na frente, nem mesmo um grande atacante. A Espanha está mais animada com as boas atuações de Negredo, no Manchester City, e de Diego Costa, no Atlético de Madrid.

É preciso diferenciar o sistema tático com dois volantes e três meias que se aproximam do centroavante, sem uma dupla na frente, do com dois volantes, um meia de cada lado e dois atacantes. Na seleção brasileira, Neymar se movimenta tanto e é tão espetacular, que, em uma mesma partida, faz, naturalmente, as funções de um ponta pela esquerda e de um atacante pelo centro, formando dupla com Fred. E na movimentação independe das ordens de Felipão.

No Barcelona, a divisão de funções é mais evidente, com Neymar pela esquerda e Messi pelo centro. Quando o argentino não joga, Neymar ocupa seu lugar. Ainda falta a Neymar, quando joga ao lado de Messi, saber o momento exato de ser um ponta e o de se deslocar para o meio, como faz na seleção.

Nas equipes que atuam com uma dupla de atacantes e com um meia de cada lado, falta o armador pelo centro. Por isso, é frequente que um dos atacantes, ou os dois, alternadamente, recue para armar as jogadas. Outras vezes, é um dos volantes que avança como um meia. Repito, os jogadores se movimentam tanto que não faz mais sentido analisar a maneira de jogar de uma equipe pelo sistema tático. Há vários em um mesmo jogo.

Bayern e Barcelona atuam com um volante e dois meias, que marcam e atacam. Em vez de quatro, são cinco que chegam à frente (dois meias, dois pontas e um centroavante). Um dos conceitos de Guardiola é o de escalar, na posição de um único volante, o armador que tem o melhor passe, e não o que marca mais. Juventus e Itália fazem o mesmo com Pirlo. É o retorno dos antigos centromédios dos anos 1950.

Progressivamente, as grandes equipes do mundo estão abandonando o clássico meia de ligação, como Ronaldinho, Ganso e outros, que jogam em um pequeno espaço, não participam da marcação e esperam a bola no pé, para dar um passe magistral e decisivo. Brevemente, este tipo de meia se tornará um retrato na parede. Oscar, que ocupa essa posição, na seleção e no Chelsea, está em todos os lugares, marca e faz gols.

Mas se o Brasil não for campeão do mundo, por inúmeros fatores, com certeza, dirão que faltou o clássico meia, o camisa 10. As explicações, os lugares comuns, costumam estar prontos antes dos fatos.




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