CONTRA PÉSSIMO ATENDIMENTO NOS EUA, BASTA RECLAMAR
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CONTRA PÉSSIMO ATENDIMENTO NOS EUA, BASTA RECLAMAR


Lembra quando o gerente de um supermercado a que íamos sempre me disse “Esqueça a lei”? Leia aqui pra refrescar a memória. Eu não esqueci. Na semana seguinte a ter sido roubada e humilhada no Food Pride, enviei três cartas – uma pro Attorney General Office (o mais próximo que há do Procon nos EUA, pelos meus cálculos), uma prum jornal local, e uma pro principal fornecedor do supermercado. Até agora, só havia recebido resposta da editora do jornal, que encaminhou o email a uma outra editoria que iria analisar se valia a pena fazer uma reportagem sobre o péssimo atendimento, e acrescentou que isso já tinha ocorrido com ela, em outro estabelecimento.

Hoje finalmente veio um email do Attorney Office. Eles mandaram minha reclamação por escrito pro Food Pride, que respondeu da seguinte forma. Leia meu post anterior antes pras mentiras deslavadas desta resposta (que eu traduzo aqui, respeitando os erros do original) saltarem na sua frente:


Meu nome é Calvin Pattah e sou gerente do Supermercado Food Pride. Eu fui a pessoa que ajudou essa cliente. Fui muito educado e muito prestativo com ela. Nossa loja se preocupa muito com atendimento aos clientes e nós não desrespeitamos nenhum cliente e se qualquer empregado nosso fizer isso será despedido do supermercado. Essa cliente pelo nome de Dolores Aguero veio à loja no dia 23 de abril, 2008, e queria falar com um gerente ou supervisor. Eu era o gerente no comando no dia e fui muito educado e a auxiliei em tudo que ela precisava. Ela tinha dois pacotes de Philadelphia Cream Cheese e exigiu receber dez vezes o valor por causa da Scanner Law nos dois itens e eu fiquei mais que satisfeito em obedecer a lei. Os itens haviam sido comprados exatamente uma semana antes e toda semana temos uma nova promoção e eu não me lembrava que esses itens estavam em promoção. Eles não foram um erro de marcação de produto e eu ainda apliquei a Scanner Law e lhe paguei a diferença para fazê-la feliz. Essa cliente entrou na loja depois que eu fui educado e prestativo com ela para comprar alguns poucos produtos. Ela então furou a fila e fez um escândalo, acusando-nos de cobrar um preço mais alto outra vez. Eu fui até a prateleira e chequei os itens e eles estavam exatamente o mesmo preço. Ela exigiu a diferença e eu recusei. Pareceu que essa cliente trocou as etiquetas para conseguir a diferença prevista na lei estadual e muitos clientes tentam fazer isso. Eu tentei acalmar a situação mas ela não parou de fazer um escândalo. Ela finalmente saiu depois de falar para mim e para todos os funcionários que ela iria nos denunciar ao Estado. Nós temos um ótimo serviço de atendimento ao cliente e operamos um ótimo supermercado. Esteja à vontade para me ligar para qualquer esclarecimento meu nome é Calvin Pattah”.


Bom, pelo jeito eu sou apenas uma mulher histérica sem nada pra fazer na vida além de reclamar de um ótimo supermercado, tão preocupado com o atendimento aos clientes, e cheio de funcionários educados e prestativos (quantas vezes o gerente repete essa frase? Através da repetição, eles automaticamente viram funcionários educados e prestativos?).

Acabei de responder o email do Attorney Office, apontando as contradições do email do gerente. Tipo assim, quando reclamei dos dois pacotes do cream cheese, ele me devolveu a diferença, ou obedeceu a Scanner Law (que manda pagar ao cliente dez vezes a diferença cobrada, até o limite de cinco dólares)? E, se eu troquei as etiquetas dos pacotes de sabonete, como que, segundo o gerente, o preço cobrado foi o mesmo que estava no produto? Então eu sou uma incompetente, que nem sabe trocar etiquetas. Além disso, se não havia discrepância, por que eu estaria reclamando? Ah, já sei: porque sou uma mulher histérica sem nada pra fazer na vida.

É uma pena que a gente não tenha filmado o incidente todo. O maridão tava com a câmera fotográfica antiga dele, que grava meio minuto seguido, mas sem som. Uma pena não ter um gravadorzinho no bolso. Alguma coisa na frente deles nem pensar, porque sério, eles teriam batido na gente. Eu não fiz escândalo algum, nem o maridão (que eles ignoram totalmente na carta). Quem me ameaçou e fez ceninha foram eles.

Mas enfim, falta pouco pra gente voltar pro Brasil, e obviamente não vamos perder (mais) tempo ou dinheiro com isso. Só espero que o Attorney Office guarde meus dois emails para futura referência. Eu reproduzo esse bafão todo aqui pros meus queridos leitores saberem que mau atendimento não é privilégio de brasileiro, e que em “país de primeiro mundo” também ocorrem atrocidades.

Semana passada, por coincidência, a Marina, cujo blog eu gosto muito, relatou um problema que teve com a Net no Rio. Nos comentários do post havia o que estou cansada de ouvir, coisas do tipo “isso só acontece no Brasil”. Eu pus lá o link pra alguns dos meus posts, e uma leitora da Marina reclamou que, se nos EUA e no Brasil é tudo igualzinho, se a saúde e educação no Brasil são tão boas, por que estou fazendo doutorado-sanduíche nos EUA? Parece-me um raciocínio bastante tosco. Eu não digo em nenhum momento que o atendimento no Brasil é bom. Mas acho importante apontar, sim, que mau atendimento não acontece só na terrinha. E estou com montes de exemplos americanos pra contar. (Sem falar que a educação que recebo na UFSC é de primeiríssima qualidade, só pra constar). Vamos reclamar do atendimento brasileiro, claro, mas de preferência sem esses clichês de que tal coisa só acontece em terras brasilis – que é o que eu ouvi minha vida inteira.


Leia também: "País Civilizado é Outra Coisa". Bem aqui.





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