Por Altamiro Borges
O governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) deve ser realmente muito generoso com a mídia privada. Milhões em anúncios publicitários, compras de assinaturas de jornalões e revistonas e muitas outras regalias - algumas delas negociadas às escondidas no Palácio dos Bandeirantes. Somente esta bondade pode explicar a postura chapa-branca da imprensa, que faz de tudo para blindar o "picolé de chuchu". Nos últimos dias, um novo escândalo veio à tona: o da corrupção no comando da Polícia Militar. Mas é difícil, quase impossível, encontrar alguma referência ao nome do tucano nas páginas dos jornais e revistas e nas emissoras de rádio e tevê. Nem parece que Geraldo Alckmin é o chefe da PM paulista.
Após dois anos e meio de apuração, uma sindicância apurou a existência de um esquema de fraudes em licitações do Comando-Geral da PM. Ela constatou irregularidades na compra de vários produtos, que resultaram no desvio de R$ 21,5 milhões dos cofres públicos. Apesar das provas, a investigação foi encerrada sem ouvir 12 dos 20 oficiais que foram listados pela própria Polícia Militar. Seus nomes foram citados em documentos por terem contribuído "para ao menos uma das fases" das licitações sob suspeita. Eles, porém, não prestaram depoimentos. Com as investigações encerradas em agosto de 2014, apenas o tenente-coronel José Afonso Adriano Filho foi responsabilizado pelos crimes.
A Folha tucana até noticiou o sinistro episódio. Segundo reportagem deste sábado (27), as apurações das fraudes "foram concentradas nos anos de 2009 e 2010, nas gestões José Serra e Alberto Goldman. As empresas de fachada que foram beneficiadas, porém, receberam pelo menos R$ 21,5 milhões da corporação entre 2005 e 2012". Apesar deste registro, o jornal evita citar o nome de Geraldo Alckmin - candidato preferido da famiglia Frias para a disputa presidencial de 2018.
A Folha também não faz qualquer critica ao PSDB, partido que comanda o Estado há mais de 20 anos. Ela até informa que o Coronel Telhada, ex-comandante da Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar (Rota) e atual deputado estadual da sigla, "foi citado por participar de duas compras (carimbos e medalhas)". Mas a informação surge nas últimas linhas, sem qualquer realce. Haja generosidade! Se o escândalo envolvesse desvio de recursos da Polícia Federal, com certeza a presidenta Dilma Rousseff figuraria nas manchetes e o PT seria acusado de "o partido mais corrupto da história do Brasil".
Em tempo: O eterno candidato José Serra e o velhaco oportunista Alberto Goldman adoram bravatear sobre corrupção e posar de paladinos da ética. Eles não vão falar nada sobre as fraudes e as empresas de fachada em sua gestão? Ou eles não têm qualquer responsabilidade pelos desvios de recursos dos cofres públicos durante os seus tristes governos?
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