Eu não tenho nada contra desenho animado. Meu problema é com filme “censura livre”, porque eles são feitos pra crianças, não pra mim. Eu gostava desses filmes quando eu era menina, mas o tempo passou (e como passou!), e não acredito nessa ladainha de “filme pra crianças de todas as idades”. Meus gostos e meu humor em geral não batem com os de uma criança de 5 anos. E pra ir ao cinema ver um desenho que não foi pensado comigo em mente, sei lá, parece perda de tempo (se bem que algum filme de Hollywood é feito pensando numa pessoinha como eu?). Mas devo reconhecer que, quando o oba-oba passa e eu acabo vendo o desenho na TV, muitas vezes gosto. Foi o que aconteceu com Procurando Nemo. Vi o peixinho na mini-TV do avião indo de Buenos Aires pra Paris (e depois Moscou), e me peguei rindo de todas as piadinhas e até chorando, como se eu fosse o protótipo do público-alvo. Ano passado vi A Era do Gelo 2 na TV a cabo, e amei. Adorei a mamute feita pela Queen Latifah achando que é um... um... sei lá que bicho é aquele, mas é uma fofura um mamute dormindo pendurado de cabeça pra baixo numa árvore. E os diálogos estão cheios de tiradas inteligentes.
Só que parece que Wall-E (que estréia em todo o universo em 27 de junho) será um filme quase mudo, pelo menos no começo. Não sei se ver um personagem que é a cara daquele de Short Circuit – O Incrível Robô (1986) numa Terra que é só ferro velho seja meu sonho de consumo. No entanto, o trailer até me cativou. Gostei de quando Wall-E se apaixona à primeira vista pelo modelo mais avançado, e quando essa robô atira nele. Ou das mãozinhas de ferro do Wall-E se encaixando quando a TV mostra um filme romântico (e o narrador diz que o robô se sente sozinho, chuif). Mas só gostei até aí. Depois que aparece o humano mandando prendê-lo, a única parte que se salva, pra mim, é o robô na frente do que parece ser uma estação de metrô, sendo empurrado pra frente. E sério que eles querem fazer um desenho que remeta a 2001, uma Odisséia no Espaço? Quer dizer, eu amo 2001, e olha que não sou a maior fã de ficção científica. Porém, esse grande filme de 1968 não é apenas um clássico por ser do Kubrick - é também um clássico do papo “tentei ver mas dormi no meio”. É um sonífero oficial, praticamente. Eu não dormi em nenhuma das vezes que vi, ao contrário do que acontece comigo nas cenas iniciais de Alien, O Oitavo Passageiro (o filme começa e em três minutos eu me encontro em estado REM, sabe, Rapid Eye Movement?). Lógico que se você ainda não conferiu 2001, tem que fazê-lo já, porque o filme é super influente, e os efeitos especiais seguem espetaculares e foram feitos antes do homem pisar na Lua. Mas veja o dvd descansado.
Enfim, se eu tiver que escolher, não troco o meu HAL por nenhum Wall-E da Pixar. Nota 3.