Nunca fui grande fã de Sex and the City. Assisti à primeira temporada em DVD num só fim de semana e até que foi engraçadinha. Gostei. Mas não o suficiente pra querer ver as outras. Aí teve um dia que minha mãe pegou a quinta ou a sexta e emprestou pra mim e pro maridão. Foi um sufoco ver uns três episódios. Nos EUA, quando tínhamos TV a cabo, vi uns quatro, talvez. Não é que a série seja ruim – é só que tem tão pouco a ver comigo que perde a graça. As quatro amigas vivem num planeta em que todo mundo é rico, magro, hiper bem-vestido, e branco. Meu planeta é um tiquinho diferente. E elas usam casaco de pele, o que me revolta. E compram mais sapatos que a Imelda Marcos. E não entendo por que uma mulher precisa ter mais de, sei lá, dez pares? (tipo um pra cada dia da semana, sem precisar repetir?). Faz pouco tempo li uns depoimentos de críticos americanos gays que aguardam o filme com ansiedade, e aprendi uma nova perspectiva, que eu não conhecia (perdoe se isso é hiper antigo e, mais uma vez, sou a última a saber). É o seguinte: as quatro amigas no fundo não são mulheres! São gays disfarçados de mulheres! Por isso a obsessão com roupas e sapatos e, ahn, a promiscuidade! Não sou eu que tô dizendo, são eles. E essa foi uma opinião unânime entre os vários críticos gays. Quer dizer, essas amigas não foram criadas pra representar um público feminino, entende? Talvez com essa nova visão eu consiga apreciar melhor o filme, que tá marcado pra estrear aí no Brasil no dia do meu aniversário (6/6). Mas o trailer, pelamordedeus, o trailer é fracote. A gente vê a Carrie da Sarah Jessica Parker como a noiva mais feia a pisar na Terra (gosto muito dela como atriz, mas cansei de fingir que ela é bonita), prestes a se casar com o Big (não o supermercado, o outro. Esse apelido do cara me incomoda tanto...). Por algum motivo o casamento não se concretiza durante o trailer, e Carrie conta um conto de fadas pra uma menininha, avisando-a que o “viveram felizes para sempre” nem sempre corresponde à realidade. Isso é tão clichê! Pra quem que ela tá falando esse lugar-comum, pra gente, público que Hollywood assume ter QI de ostra, ou pra menininha? Eu me senti totalmente subestimada. Só gostei de dois momentos no trailer. Um foi a breve aparição da Jennifer Hudson (Dreamgirls), que será a primeira e única atriz negra e com mais de 50 quilos a habitar aquele universo. Também gostei quando a amiga mais predadora, a Samantha, critica alguém por não estar bem depilada na área do bíquini, dizendo: “Essa daí é casada e nem por isso está deixando crescer uma selva”. E achei divertido mais pelo jeito como a ótima Kim Cattrall diz “essa daí” do que pela piada. Enfim, mais consumismo desenfreado pela frente. Não me entusiasma nem um pouco. Nota 2.
Leia a crítica do filme aqui.