CRÍTICA: 13 DIAS QUE ABALARAM O MUNDO / Os badalados Kennedys
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CRÍTICA: 13 DIAS QUE ABALARAM O MUNDO / Os badalados Kennedys


Acho bom que haja filmes “históricos”, até para que eles incrementem as aulas de História. O problema é que, geralmente, ou eles não são muito interessantes ou eles fantasiam demais os acontecimentos. Em “Pearl Harbor”, por exemplo, pode-se ter apenas uma vaga idéia de como foi a entrada americana na Segunda Guerra. Já “E o Vento Levou”, apesar de sua parcialidade e romantismo, oferece um ótimo retrato da Guerra Civil. Tudo isso só pra dizer que “13 Dias que Abalaram o Mundo” vale a pena ser visto, mesmo pra quem já tenha saído dos bancos escolares faz tempo.

Pra quem não se lembra bulhufas do que estudou, esses tais treze dias referem-se a outubro de 1962, quando os americanos descobrem que os soviéticos estão instalando mísseis bem no seu ex-quintal, Cuba. Era o auge da Guerra Fria. O muro de Berlim havia acabado de ser erguido, e os conflitos na Ásia cresciam. Evidentemente, os atuais donos do mundo (naquela época, só co-proprietários) não poderiam permitir bases nucleares bem no seu nariz. O presidente Kennedy tinha três alternativas para resolver o impasse: ou invadia Cuba e depunha Fidel (falando assim, parece que era fácil), ou bombardeava os mísseis antes que eles entrassem em funcionamento, o que geraria uma resposta soviética em Berlim, abrindo todas as portas para um conflito armado entre as duas superpotências, ou bloqueava os mares para que Cuba não recebesse mais ogivas. Optou pela terceira, embora a cúpula militar tanto americana quanto russa rezasse pela guerra. Militar é mesmo um bicho esquisitão – é o típico “trigger happy” (gente que tem uma arma e fica roçando o dedo no gatilho, sonhando em usá-la).

“13 Dias” tem ritmo ágil e um suspense que prende. Como disse o maridão, “por um minuto até pensei que a Terceira Guerra Mundial tivesse acontecido”. Mas é claro que é uma visão 100% americana, e o final é aquela patriotada de sempre. Não há vestígios de soviéticos e muito menos cubanos. E, como se pode esperar, há uma versão polêmica dos fatos. Os Kennedys – John e Bob – são pintados como mártires. São bonitinhos, carismáticos, vivem para servir à nação, enfim, estão mais badalados que propriamente abalados. Além do mais, são pacifistas. Sei, sei. Foi JFK que lançou os EUA no Vietnã. Foi ele que autorizou a patética invasão da Baía dos Porcos, em abril de 61, o que certamente empurrou os cubanos para um conluio com os comunistas. Foi ele que criou a Aliança Para o Progresso, um programa destinado a livrar a América Latina da ameaça vermelha. Ou seja, o homem podia ser tudo, menos um Gandhi.

Quem interpreta o JFK não é o Kevin Costner, mas um ator mais jovem e boa-pinta que ele. O ex-mensageiro é aqui o assessor do presidente e, justiça seja feita, ele está bem – abatido, humilde, nada heróico. Só não entendi a voz fanha. Parece a do Michael Douglas em “Garotos Incríveis”. O que ocorre com os astros de meia idade? Para serem levados a sério, eles precisam afinar a voz? Estranho.

É possível que, se eu fosse professora de História, ainda recomendaria que meus alunos vissem “Doutor Fantástico” que, além de ser um clássico incontestável do cinema, exemplifica com perfeição a paranóia da bomba nuclear. Mas não dá pra negar que “13 Dias que Abalaram o Mundo” seja um ponto de partida honroso para um bom debate.





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