CRÍTICA: AMIGOS, AMIGOS... MULHERES À PARTE / Parte 2
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CRÍTICA: AMIGOS, AMIGOS... MULHERES À PARTE / Parte 2


Primeira parte da crítica aqui.
- Oh my God! Não acredito que a Lolinha vai pichar o nosso filme... de novo!

Devo confessar que nunca tinha ouvido falar no Dane Cook antes de morar nos EUA. No meu primeiro semestre lá, assinei TV a cabo, e vi um show de stand-up comedy que ele apresentava pra um auditório lotado (veja um pedaço divertido sobre ir ao cinema aqui, só em inglês). Ele tem um tipo de “energia maníaca”, não muito diferente do Jim Carrey, mas com um humor mais agressivo e arrogante. Eu até gostei daquele show, e meio que achei o Dane bonitinho. Aí descobri que o fã clube dele é tão grande quanto seu hate club (gente que o detesta). E, ao ver mais coisa dele, consegui entender melhor seus detratores. Não que eu o deteste, nada disso. Mas ele está tentando fazer carreira em Hollywood, e os veículos que escolheu pra deslanchar são os piores possíveis. Primeiro ele fez um papel secundário no também secundário Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada (que estreou sexta no Brasil, um ano depois de passar nos EUA. Ele faz o irmão do Steve Carell). Depois veio um lixo que não me atrevi a ver, Maldita Sorte, com a Jessica Alba (a premissa é que todas as mulheres que dormem com o Dane conhecem um cara sério pra se casar logo em seguida). E agora Amigos, Amigos... Mulheres à Parte. Desta vez, a premissa é que ele é tão estúpido com as moças que elas voam pros seus ex-namorados depois de saírem com ele. Dane até que tá bem interpretando um ser repulsivo.
Lembro também de ter visto na TV americana (cuja programação não é muito melhor que a brasileira) uns pedaços de um programa chamado Date from Hell (Paquera do Inferno?). Uma moça saía com um rapaz contratado pela produção, que a faria ter o pior encontro de sua vida. Acho que às vezes a pegadinha era contra os homens também. Enfim, americano faz muito filme sobre “dates” (primeiros encontros, tipo sair pra jantar), porque essa é uma instituição deles. Eles geralmente conhecem pessoas pela internet e daí marcam um encontro. No Brasil não é tanto assim, é? (pergunto porque faz muito, muito tempo que estou fora do mercado).
Na primeira saída de Dane com Kate Hudson em Amigos, ele a leva pra um clube de strip tease, o que, imagino, equivale a levar o alvo das atenções pra ver um filme pornô, como
acontece em Taxi Driver. Aliás
, americano é tão conservador que o padrão continua sendo o homem levar a mulher pra um lugar, nunca o oposto. E pobre Kate! Ela vem se especializando em comédias românticas ruins. Fala-se bastante da sua bunda, tanto que no filme somos brindados com um close dela (tá no trailer). Será que eu sou a única que acha que a Kate tem cara de velha? Ok, não tanto quanto o Alec Baldwin, mas sei lá, é como se a cara da Kate não pertencesse àquele corpo. E ela consegue a proeza de exagerar mais que o Dane, num típico exemplo de interpretação over (overacting).
uma cena que me fez rir na comédia, e não é uma cena inteligente. É quando o Jason Biggs tá no cabeleireiro e sem querer perde uma de suas sobrancelhas. Só que aí aparece um cabeleireiro gay que não tem absolutamente nada a ver com a história, a não ser fomentar a homofobia presente no filme. Além de um personagem se “xingar” de gay várias vezes (no contexto da comédia isso é um insulto), há inúmeras falas de “homem não faz isso, isso é coisa de gay”. Mais tarde, um assistente de casamento dá em cima do Jason, só pra receber o repúdio do público. Interessante como esses filmes que maltratam mulheres costumam também maltratar gays. Homofobia e misoginia caminham sempre juntos, não apenas por representarem ódio contra minorias, mas por serem uma forma de martelar o padrão dominante (homem, branco, hétero) como o único desejável. Pois é, não há nada de “à parte” no tratamento dado a mulheres e gays em Amigos, Amigos.
Posso perder o amor próprio fazendo um filme desses, mas não perco a sobrancelha!




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