CRÍTICA: AWAKE / Filme faz a gente sofrer acordada, mas eu gostei
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CRÍTICA: AWAKE / Filme faz a gente sofrer acordada, mas eu gostei


Ahá! Eu sei por que os críticos americanos odiaram Awake! Três motivos: 1) porque é de um diretor principiante; 2) porque conta com dois atores, Hayden Christensen e Jessica Alba, que não estão entre os melhores do ramo (pra ser gentil); e 3) principalmente, porque o filme foi direto pro cinema, sem ser exibido antes pra crítica. Esse é sempre um mau sinal, e talvez explique o Metacritic dar nota 33 (em 100) pro thriller, enquanto o público dá nota 73. Tá certo que tem o Pedro, que não é crítico nem americano, e ainda assim odiou Awake com todas as suas forças. Também posso arriscar uma explicação pro Fator Pedro. Ele foi ver o filme pensando que veria um suspense, e encontrou um drama água-com-açúcar (até a metade). Sem falar que a Jessica não quis entrar numa banheira com ele.

Já eu vi Awake com expectativas muito baixas e não achei ruim. O filme até me envolveu em alguns instantes (a vantagem é que é curtinho). Mas é o seguinte: o início é totalmente romântico, e só uma parte minúscula é um suspense psicológico. Então quem vai esperando ver um terrorzão deveria estar escrevendo cartas pra distribuidora que mandou O Nevoeiro direto pra DVD. Awake é muito mais um drama romântico que qualquer outra coisa. É pra quem quer ver dois jovens bonitinhos, o Hayden (de novo? A gente não acabou de vê-lo em Jumper?!) e a Jessica (de novo? A gente não acabou de boicotar O Olho do Mal?). Começa com explicações científicas demais. Tá, é ciência para idiotas, mas há um excesso de legendas contando pra gente que muita gente não dorme durante uma cirurgia. Parece que a anestesia não funciona para um pobre coitado em cada 700 pacientes operados. E o que isso tem a ver com os dois pombinhos em questão? Bom, acontece que o Hayden, apesar de ser um empresário rico e bem sucedido (a gente sabe disso porque ele fala japonês), tem um coração fraco. Fraco literalmente, e também fraco pela Jessica. Bem no início, o Hayden tá filosofando na banheira, quase se afogando. Abre os olhos, vê a Jessica, a puxa pra banheira, vestida, e lá eles fazem o que casais jovens antes de casar fazem. Isso me lembrou um momento igualmente erótico entre o maridão e eu. Estávamos numa cidade com águas termais e nos colocaram num quarto de hotel com banheira pra solteiro. Muito otimistas, tentamos imitar os filmes e nós dois entramos na banheira. E entalamos na banheira. Ficamos lá um tempão, calculando como sair. Felizmente, após muitos contorcionismos, conseguimos sair de lá sozinhos, sem precisar da ajuda do gerente.

O Hayden tem outros problemas, além da Alba. Sua mãe, Lena Olin (quando eu penso nela, penso em A Insustentável Leveza do Ser, e só), é uma dominadora que insiste que ele seja operado por um cirurgião top de linha, não pelo médico amiguinho (feito pelo Terrence Howard, que sem bigodinho botaria o Hayden no chinelo). Eu não tenho dinheiro pra ser muito rigorosa. Por mim, taria bom qualquer médico que, durante o procedimento, não gritasse: “OLHA! Ai meu Deus! Ó Deus! Ó Deus! Ó, pessoal, não vou poder ir ao jogo hoje esta noite” (como ocorre no filme). Mas entendo perfeitamente que o Hayden prefira ser operado pelo médico amigo ao invés do hiper cirurgião convencido que diz: “Eu já tive minhas mãos dentro de presidentes”. Eca! Fica com suas mãos longe de mim, seu pervertido!

E só aí começa o suspense. Imagina estar acordado e totalmente consciente enquanto abrem seu peito. Quer dizer, ao menos o Hayden não vê o que tá acontecendo, e o que os olhos não vêem, o coração não sente. Mas sério, qualquer coisa que envolva gente sem conseguir se mexer ou falar habita os meus pesadelos. Ou você nunca sonhou que algo terrível tava acontecendo e precisava gritar, mas na hora h o grito não sai da garganta? Tipo a Jessica Alba entrando na sua banheira? O quê, pra você isso não é pesadelo? Awake não é previsível. Verdade que no final a gente sabe quem não vai morrer, mas até chegar lá há algumas reviravoltas bem surpreendentes. Pelo menos vilão nenhum é punido com a pena de morte. E o filme rendeu um diálogo fofinho entre eu e o maridão (leia, mas não fique revoltado por eu estar sugerindo o que acontece no filme. O trailer conta muito mais!).

É assim: um personagem precisa do coração compatível de outro pra sobreviver, mas esse outro que vai doar seu único coraçãozinho terá que sacrificar a vida. Perguntei pro maridão:

- Amor, você faria isso por mim?

- O quê, matar a sua mãe pra você ficar com o coração dela? Claro!

- Não, anjo, queria saber se você faria isso por mim.

- Mas de quem mais eu poderia tirar a vida pra você ficar com o coração do infeliz? Não consigo pensar em mais ninguém! Deixa eu ver... Tá, talvez a gente pudesse chamar sua irmã pra uma visita, e quando ela não estivesse olhando, eu...

- Não, seu estúpido, queria saber se você daria o seu coração pra mim, se bem que nem sei se combina...

- Total incompatibilidade!

- E o seu fígado, você me daria seu fígado?

- Pra você estragar o meu também? Nananananina. Meu fígado tá em boas mãos.

- Tá, e o coração, tem jogo?
- Meu coração já é teu, minha flor.

- Não, eu quero saber se eu precisasse de um transplante cardíaco e o seu coração fosse o único disponível e...

[Morrendo de rir] - ...E?...

- Pára de rir, seu energúmeno!

E aí, na sua banheira ou na minha? Ou você prefere a mesa de operação?”





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