CRÍTICA: JUMPER / Por que não pulam direto pra sequência?
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CRÍTICA: JUMPER / Por que não pulam direto pra sequência?


O misto de ficção científica e filme de ação que é “Jumper” é um produto curtinho que parece ter sido feito apenas para introduzir uma franquia. Pode apostar que haverá sequências. Começa em Ann Arbor, uma cidadezinha bonita próxima de Detroit. Não sei nem se é considerado mais um subúrbio. Mas repare na neve e no gelo, e você verá que é aqui pertinho. Um adolescente cai no gelo, quase morre afogado, e aí descobre que pode se teletransportar pra onde quiser. Ele é um jumper, um pulador, um saltitante. Então eis que ele ressurge na biblioteca de Ann Arbor, inundando todos os livros. É um pássaro? É um avião? Um desastre natural? Um atentado terrorista? Não, é um menino teletransportador, que deixa um rastro de destruição em sua cola.

Quem faz o jumper principal (há mais de um) é o Hayden Christensen (que eu sempre confundo com o James Franco, um ator bem superior), que está melhor aqui que em “Guerra nas Estrelas”, menos estressado, mais levinho. A gente pode reclamar que ele tá levinho demais, sem nenhuma substância. Mas considere o material. Se sua interpretação tivesse a mínima profundidade, entraria em conflito com o roteiro. O Jamie Bell (que faz um outro saltitante) eu vi recentemente em “Querida Wendy”. É o menino de “Billy Elliot”. Ele rouba todas as cenas do Hayden, mas até aí, isso não é muito difícil. A mocinha eu não sei quem é. Digamos que ela causou uma impressão. Ela franze a testa e faz umas três caretas com a boca, e às vezes sincroniza e usa os olhos também, pra maior efeito. O quê? Eu não disse que a impressão foi positiva. O Samuel L. Jackson faz o de sempre, agora com cabelo branco. Desse jeito vou começar a me identificar com a piadinha de “Extras”, em que uma figurante diz que gostou muito da sua atuação em “Matrix”. E até a Diane Lane tem uma pontinha como mãe do pulador-mor. A mãe do guri foi embora quando ele tinha 5 anos. Tudo bem, eu entendo, porque o marido (pobre Michael Rooker) era alcóolatra. Mais pra frente a gente descobre que o motivo foi outro, chamado “Pretexto para Várias Sequências, Dependendo do Sucesso do Filme”.

O mais interessante é que, assim que o Hayden descobre seu dom para teletransporte, em nenhum momento ele pensa em ajudar alguém ou salvar o planeta. Não. Ele usa seu superpoder pra se transportar da mesa da cozinha até a geladeira e, em momentos de suprema ambição, ir a Londres conhecer alguma gatinha num bar pra passar a noite. Aliás, quando o Hayden passa a dar pulinho ao invés de andar três passos até a geladeira, a gente pensa: tem que ser americano! O personagem realiza todas as fantasias masculinas juvenis – fugir de casa, roubar banco pra ter dinheiro pra tudo, viajar pelo planeta, pegar carrões. Em certos instantes “Jumper” lembra “Antes de Partir”. Ou seja, em ambas as produções, conhecer a fundo uma das sete maravilhas do mundo é comer um sanduíche em cima dela. E o que o saltitante vai fazer em Tóquio? Absolutamente nada, além de dar um recadinho pro imponente público japonês: “Olha, a gente lembrou de vocês, agora vejam o filme!”. Eu acho que deviam fazer isso com todos os países com população grande. O Hayden podia dar um pulinho no ombro do Cristo Redentor, por exemplo. Já emendava essa rota turística com a divulgação do filme.

Há uma espécie de conspiração religiosa que caça os saltitantes. Não fica claro o motivo, fora a inveja. Quero dizer, se os jumpers não fossem tão inocentes, poderiam causar o maior estrago. Dava pra deixar uma bomba em algum lugar e ir embora. Ahn, como assim, “poderiam causar”? Eles acabam com o Coliseu! Só tá lá pra ser playground de filme de ação americano, como a Muralha da China em “Tomb Raider”. Na realidade, todas as lutas entre esse pessoal mais poderosinho deveriam ocorrer em lugares desertos, cheios de areia, onde a chance d'eles quebrarem coisas é pequena (de preferência não no Egito, onde eles correm o risco de esbarrar em alguma pirâmide). Lembra do Hulk? Era melhor pra toda a humanidade quando ele estourava na base militar do deserto de Nevada. Lá ele só estragava sua bermuda. Vendo “Jumper”, a gente passa a defender a permanência dos soldados americanos no Oriente Médio. Eles podiam ficar pra sempre no deserto do Saara.

A aventura vai ficando cada vez mais tola e inútil à medida que vai adiantando. No final não tem salvação, e a platéia passou a rir das cenas mais ridículas. Minha fala favorita é quando um personagem diz pro outro: “Existem coisas que você não pode pular”. Juro que pensei que ele fosse acrescentar: “Para todas as outras, existe Mastercard”.

Será que quem quebrou o nariz da esfinge foi o saltitante?





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