CRÍTICA: BRAVURA INDÔMITA /Tapa-olho e atriz anônima
Geral

CRÍTICA: BRAVURA INDÔMITA /Tapa-olho e atriz anônima


Atriz que não é nem mencionada no poster e o Matt Damon

Agora que vi o trailer para poder me lembrar alguma coisa sobre Bravura Indômita e escrever sobre o troço, ele me pareceu melhor. Eu realmente não gostei do filme, e olha que sou fã de carteirinha dos irmãos Coen. Ri um monte com Queime Depois de Ler, acho a primeira metade de Onde os Fracos Não Têm Vez brilhante (a segunda parte não gosto nadinha, mas a culpa é do romance); amo Fargo de paixão; adoro o ritmo esquisitão de Arizona Nunca Mais, e por aí vai ― isso só pra citar meus preferidos. Pra falar a verdade, não tem alguma obra dos dois que eu não goste. Quer dizer, Matadores de Velhinha e Na Roda da Fortuna eu considero dispensáveis, e o primeiro filme deles, Gosto de Sangue, me dá sono. De todo jeito, Bravura entra como o único filme deles que não me cativou.O que é estranho, porque parece ser o maior sucesso de bilheteria que eles já tiveram. O filme foi muitíssimo bem recebido por crítica e público, está concorrendo à uma penca de Oscars ― pelo jeito a anomalia sou eu. É que definitivamente não vi nada de mais nele. Nada da originalidade dos Coens. Apenas um western convencional, tudo que já vi em três episódios da série Deadwood. Convenhamos, se não estivesse escrito lá, em letras garrafais, que é um filme dos Coen, a gente jamais desconfiaria, né? Podia ser de qualquer um. E na realidade, por ser uma refilmagem (os Coen geralmente produzem seus próprios roteiros originais), dá essa sensação de ser tão não-autoral.
Devo dizer que nunca vi o clássico de 1969 com o mesmo nome, que deu o Oscar de melhor ator ao lendário John Wayne. E certamente o remake dos Coen não me deixou com vontade de vê-lo. Aliás, fiquei foi com vontade de ver um documentário lançado no ano passado, Reel Injun (trocadilho entre real e reel, que é bobina de filme, e Injun é como os cowboys americanos dizem Indian), sobre a representação criminosa ― da qual John Wayne tem destaque especial ― que Hollywood sempre fez dos índios. Se bem que li que metade do documentário se dedica a falar mal de um filme que gosto muito, Dança com Lobos. Mas vou ver o doc e volto aqui pra contar pra vocês.Sobre Bravura de 2010, nenhum ator me chamou a atenção. Levei meia hora pra reconhecer o Matt Damon. O papel do Jeff Bridges não parece difícil de fazer ― é de um bêbado com tapa-olho falando enrolado. Os holofotes sobram mesmo pra Hailee Steinfeld, uma menina de 14 anos que faz Mattie, o fio condutor da história. Ela contrata o Jeff, e depois o Matt, pra capturarem o Josh Brolin, empregado de seu rancho e que matou o seu pai. E a trama é essa, os três cavalgando por aí, brigando entre si e encontrando alguns fora-da-lei pelo caminho, até chegar a um desses finais absurdos cheios de coincidências em que tudo acontece ao mesmo tempo. E nesses westerns eu sempre fico com pena dos cavalos.
Por um lado é interessante que Mattie seja uma personagem forte, mandona, decidida. Isso é raríssimo de ver, e gostei principalmente da negociação dela com o velhinho no começo (embora seja uma cena um tantinho longa demais). Por outro lado, não achei a personagem muito bem desenvolvida. Por exemplo, ela fala pouquíssimo da família e não há ameaças sexuais contra ela, o que, se já soaria incomum nos dias de hoje, imagine no século retrasado, numa terra de ninguém como era o velho oeste. Agora, não há a menor dúvida que ela é a protagonista: é ela que narra a história, que une os demais personagens, que movimenta os conflitos, que aparece em quase todas as cenas, certo? Errado. Vejamos o poster. Nenhuma menção à atriz. No Oscar deste ano, ela tá concorrendo ― à atriz coadjuvante! Hã, como assim? Ela é coadjuvante de quem? Do tapa-olho do Jeff? Acho injusto com as outras indicadas à coajuvante que elas estejam disputando com a atriz principal de um filme. E parece desonesto, e até machista, não reconhecer que ela é a protagonista inquestionável de Bravura.Faroeste é um gênero eu eu gosto, porque tenho curiosidade em saber como as pessoas viviam (principalmente os homens; havia poucas mulheres naquelas bandas). O tema da fronteira americana também me interessa, assim como a representação dos índios. E o revisionismo histórico de Imperdoáveis, que desconstrói toda a mitologia em torno do cowboy, eu acho fascinante. E, assim, nenhum desses temas foi explorado por Bravura. O que me deixa morrendo de desejo de rever (e finalmente escrever sobre) Era uma Vez no Oeste.




- Índios De Verdade No Cinema
Vi um documentário muito bonito esses dias: Reel Injun, que faz trocadilho entre as palavras reel (bobina de filme) e real. Já Injun é como Indian é pronunciado por cowboys não muito espertos. Ou seja, Índio de Filme. O doc explica como o índio...

- Cinema, Arte Masculina Para E Sobre Homens
Aconteceu naquele século: raros filmes com protagonistas mulheres Uma leitora avisou sobre este vídeo muito bom que analisa os filmes que ganharam o Oscar nos últimos 50 anos. Só quatro desses 50, ou 8%, têm uma protagonista mulher, ou apresentam...

- E O Vencedor É... Saberemos Daqui A Pouquinho
E o Oscar acontece esta noite! Muitas emoções. Será meu 23o bolão seguido. Mas desta vez me sinto muito insegura. Não sei se Discurso do Rei é realmente o favorito a melhor filme. E não acredito que, na pressa, acabei colocando Discurso até pra...

- ComentÁrios Sobre As IndicaÇÕes Do Oscar
Saíram as indicações pro Oscar! (pensei que sairiam depois de amanhã, disfarça. Aqui tem todas). O Discurso do Rei conseguiu mais indicações (doze), o que é um número incrível e pode afetar as chances do favorito, A Rede Social (com oito indicações)....

- SÓ Pra VocÊ Saber
Eu não vi, porque a minha TV a cabo não inclui a BBC America (eu acho). Mas li que o BAFTA (British Academy Film Awards) premiou “Desejo e Reparação” pra melhor filme, os irmãos Coen pra diretor, Daniel Day Lewis pra ator, Marion Cotillard pra...



Geral








.