CRÍTICA: CASA DE CERA / Casa de silicone
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CRÍTICA: CASA DE CERA / Casa de silicone


Como todos os cinemas daqui estão passando os arrasa-quarteirões de férias que já vi, fui prestigiar um filmeco de terror chamado “Casa de Cera”. É sobre um grupinho de jovens e seu trágico destino de encontrar um Jason da vida enquanto se divertem. Conhece o esquema, né? Nos primeiros três minutos já dá pra saber quem viverá e quem morrerá de forma horripilante. Os atores são desconhecidos, que é pra gente não sentir falta deles quando partirem dessa pra melhor. Bom, a protagonista aparentemente virgem vem de “24 Horas”, se isso te diz alguma coisa. E tem também uma tal de Paris Hilton. Pensei que fosse o nome do hotel em que os atores se hospedaram, mas aí notei que o filme não se passa na França. Parece que é o nome de uma, hã, atriz, que nas horas vagas é herdeira de hotel e colecionadora de escândalos. Não é difícil identificar quem é. Tem duas mulheres no filme. Ela é a mais loira.

“Casa de Silicone” realmente não assusta, mas me fez rir em alguns pedaços. Não sei se era essa a intenção. Os personagens comportam-se de um jeito bizarro, e existe uma competição árdua pra ver quem é o mais cretino. Por exemplo, imagina que você tá no meio de uma cidade fantasma. Seu carro quebrou e sua namorada te aguarda. Já é noite. Você entra na casa de um sujeito hostil pra usar o banheiro. E de repente você decide que não dá pra sair de lá sem antes fazer um tour completo pela casa. Fala sério, um cara assim não merece morrer? Agora, imagina que você quer ter uma conversa séria com o seu namorado. Quer contar pra ele que pode estar grávida. O que você faz pra criar o clima propício? Um strip-tease, ué. Não sabia? Outra explicação pro fato é que o diretor precisava de uma gostosa correndo semi-nua pela floresta, perseguida por um assassino. Daí incluiu essa cena. Sexo em filme de terror é como se fosse preliminar pro ato principal, que é a morte dolorosa. Quer dizer, no início da cena o casal tá no meio da selva. Mas a moça dá um passinho e vai parar dentro de uma fábrica cheia de carros abandonados. O diretor espera que o público esteja concentrado no corpo da atriz pra não notar a mudança de cenário.

Minha cena ridícula favorita é quando um amigo diz pro outro: “Calma! Vou te ajudar!”, e passa a arrancar a pele do pobre coitado. Em seguida esse gigante intelectual começa a atirar pratos contra o serial killer na vã tentativa de se defender.

Mas vi que o pessoal vibrou mesmo quando o Michael Jackson joga uma estaca através de um carro e acerta alguém do outro lado. Era a cara do Michael, gente!

A única seqüência digna de nota é aquela em que uns carinhas se escondem num cinema passando “O que Terá Acontecido com Baby Jane?” (você notou que o diretor toma liberdade com seus cenários). Essa cena homenageia a Bette Davis mais ou menos como “Twister” faz com “O Iluminado”. Ah, gostei também do comecinho com as duas crianças. Qualquer enquadramento que traga a vista aérea de um prato de sucrilhos merece a minha admiração. Mas sabe, gostaria que fizessem uma versão adulta de João e Maria, em que nossos heróis tivessem que comer a casa de chocolate pra sair dela. Por que fazer uma casa de um ingrediente tão indigesto como cera? Não podia ser chocolate derretido? Também não precisaria ter todos aqueles cadáveres dentro. Acho que tô querendo um filme diferente. Mas melhor parar de reclamar. Prefiro toda vida ver atorzinho sendo torturado em filmeco de terror do que fazendo gracinha em comédia romântica. E “Casa” tem até uma mensagem de utilidade pública: Superbond não é batom. Pode ser importante pras loiras.





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