CRÍTICA: CHICAGO / O show deve continuar
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CRÍTICA: CHICAGO / O show deve continuar


Tem quem vá ver “O Pianista” esperando um filme de ação. Com esse nome? Se fosse de ação, se chamaria “O Baterista”. Tem quem vá ver “Chicago” sabendo que é um musical, mas rezando com todas as forças pra que não seja um musical porque, afinal, musical é um gênero enterrado que só os gays gostam, né? Realmente, quem pensa assim não deveria nem chegar perto de “Chicago”, que é um musical em toda a extensão do termo. E eu amo musicais de paixão, mas confesso que esperava mais de “Chicago”. É que todo mundo o compara a “Cabaret”, e eu queria “Cabaret”.

Pode ser que, mais pra frente, “Chicago” seja alçado à condição de clássico dos musicais, tal qual “Cabaret”. Ainda é cedo pra dizer. Mas o problema é que a história de “Chicago” é puro escapismo sem conseqüência, enquanto “Cabaret”, no meio daqueles números de dança estonteantes, narrava a ascensão do nazismo na Alemanha. Outro super clássico, “Cantando na Chuva”, tratava da transição do cinema mudo para o falado. E “Chicago” fala de quê? De pessoas que fazem de tudo pra conseguir a fama, do carnaval da mídia. Ahn, não é exatamente um tema novo ou memorável. Então sobra o quê? As músicas. As coreografias. As interpretações.

Mas antes de falar delas, vamos nos situar melhor. Parece que a trama de “Chicago” – de uma moça casada que sonha em ser vedete, mata o amante e vai parar na cadeia, onde conhece uma corista que assassinou o marido e a irmã – aconteceu de verdade, lá pelos anos 20. Até virou uma comédia com Ginger Rogers nos 40. Em 1975, os criadores de “Cabaret” transformaram o enredo em musical, que o mito Bob Fosse levou pra Broadway. Fosse morreu, “Chicago” sofreu uma nova temporada de sucesso no teatro, desta vez comandada por Rob Marshall, que pressionou para levar o musical para as telas. Nada mal, né? É o primeiro esforço do diretor e ele já conseguiu que seu filme fosse indicado a treze Oscars. “Chicago” é favorito e vai sair vencedor. A Academia viu nele vários toques à la Fosse, o diretor de “Cabaret” e “All That Jazz – O Show Deve Continuar”, e uma oportunidade de ouro para ressuscitar um velho filão, o musical. As estatuetas que “Chicago” levará são como tapinha nas costas. Será Hollywood se congratulando por um gênero que inventou. E, cá entre nós, ver gente cantando e dançando é melhor que ver gente se degolando ou explodindo carros.

Por que, então, “Chicago” não é 100% satisfatório? Bem, talvez eu mude de idéia ao ver o filme de novo, mas as músicas não são grande coisa. Não há uma canção que fique na cabeça. Os números são excelentes, quase todos, principalmente John C. Reilly lamentando ser um homem-celofane, mas não existe o que os americanos chamam de “show-stopper”, de algo que seja tão vibrante e maravilhoso que pare o show. Pensando bem, existe, só que não é um número musical. É a Catherine Zeta-Jones. Como essa moça é bonita! Não tem outra atriz tão linda como ela. Ela é o Thiago Lacerda das estrelas. E é talentosa também. De repente, se ela aparecesse ainda mais, “Chicago” seria mais cativante. Mas o papel principal não é dela, é da Renée Zellweger. Nada contra a loirinha de “O Diário de Bridget Jones”, mas ela é muito sem sal lado a lado com a Catherine. Quando eu via a Renée e o Richard Gere (interpretando um advogado ganancioso. Opa! Desculpe a redundância) dançando, ficava torcendo pra que eles não errassem o passo ou desafinassem. Sabe a mesma sensação que a gente sente ao ver o filho numa peça da escola? Renée e Richard não erram. Ambos são campeões em olhos fechadinhos e ambos estão charmosos, e este é o triunfo de “Chicago”, eu acho – fazer com que dois astros que nunca dançaram antes se comportem como bailarinos profissionais. Eles não tiveram dublês. Isso está escrito em letras garrafais nos créditos. Claro que com personal trainer, coreógrafo, vocalista e tal, até eu passo por uma estrela da Broadway. Mas não é esse o encanto dos musicais? Imaginar que a gente seja a vedete da festa? “Chicago” tem esse encanto.





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