CRÍTICA: IMAGENS DO ALÉM / A morte estava mesmo a seu lado
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CRÍTICA: IMAGENS DO ALÉM / A morte estava mesmo a seu lado


Eu e o maridão fomos ver Imagens do Além (Shutter) - que deve estar em cartaz na sua cidade - naquele esquema dois em um: na realidade, fomos ver 21, mas já que estávamos no cinema mesmo, aproveitamos pra ver essa gosma antes da atração principal. Acontece que eu tava passando mal do fígado porque havia exagerado num bolo de chocolate, e infelizmente meu fígado não é mais o mesmo, o miserável. Então, antes do terror começar, perguntei pro maridão o que ele faria se eu morresse. O que ele faria se, quando as luzes se acendessem após o filme, ele notasse que ficou uma hora e meia segurando a mão de uma cadáver. Eu quis saber: “Você iria ver 21 antes de avisar alguém?”. E ele: “Bom, você não ia sair daí mesmo...”.

O insensível até que gostou do terror. Já eu, com a minha mania de ir ao cinema sabendo o mínimo possível sobre o que irei ver, desconhecia o fato que esta é uma refilmagem de um filme tailandês de 2004, Espíritos – A Morte Está a Seu Lado. Óbvio que não me lembrava bulhufas do original, e olha que até escrevi sobre ele. Bom, depois de ler minha crônica, descobri que esta versão americana é parecidíssima à tailandesa, só que passada no Japão e com um casal ocidental jovem que fala inglês como protagonista. O carinha é fotógrafo, e a pior coisa que pode ocorrer com um profissional deste ramo é que apareçam faixas misteriosas em tudo quanto é foto. Aconselho até que criem uma nova apólice de seguro só pros fotógrafos. Se começarem a surgir riscos brancos em todas as fotos, eles recebem uma bolada. Esse sujeito tem um passado sujo pra esconder de sua mulher. E dá-lhe referências à Atração Fatal. Tem até uma panela enorme fervendo (desta vez sem coelho de estimação dentro). E a loira, mulher oficial, diz pra japonesa: “Ele te largou porque nunca te amou!”. Mas sabe, não compreendo a utilidade dessas referências. Quem vai ver remake de terror é adolescente. E essa espécie não estava viva em 1987, época de Atração Fatal. Nunca ouviu falar no Michael Douglas tendo um caso com a Glenn Close, no que ficou conhecido como uma metáfora pra AIDS.

Mas enfim, como a refilmagem é americana, a culpa no cartório do protagonista deve ser atenuada. E, pra conseguir isso, só com muita aversão às mulheres de modo geral. Uma tira a roupa e o que se vê é carne viva. Um beijo de língua é um ótimo pretexto pra um horror bem nojento, e por aí vai. O que tiver ligação com sexualidade feminina (fora do casamento, e interracial ainda por cima) é grotesco e precisa ser eliminado. A melhor explicação que o fotógrafo bam-bam-bam pode dar é “a culpa é dela!”. O problema é que os espectadores teens vão dar razão a ele.

O maridão gostou do clima. Eu confesso que, se soubesse que se tratava de uma refilmagem de um terror que já não era grande coisa, nem teria entrado. Mas o importante é que eu e meu fígado sobrevivemos à sessão. Dormi em algumas cenas, é verdade. O maridão disse que ouviu um espírito ao lado dele fazendo um barulhão: Zzzzzzz. Fotografou? Se não, ninguém vai acreditar.

- Escuta, a gente tá fazendo um remake de um clássico do terror asiático ou do quê mesmo?





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