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CRÍTICA: ALIEN VS PREDADOR / Criaturas bobonas vs. babonas
Como não tinha mais nada passando, fui ver "Alien vs. Predador", mas não sem antes ouvir minha mãe pedir pra eu não contar pra ninguém que sou filha dela, porque, sabe, pega mal pacas. Cheguei ao cinema e comentei com o maridão: "Cadê o gerente? Quero perguntar pra ele por que 'Terminal' estreou até em Chapecó, menos aqui". E o maridão: "Ele deve estar escondido esperando você sair". Pois é, sei perfeitamente que eu não deveria ver a batalha interminável entre essas duas criaturas insignificantes. Nunca liguei muito pra "Alien", que considero puramente escatológico, o tipo de troço feito pra fazer neguinho gritar "Ui! Que nojo!". O único dos quatro ou cinco filmes da franquia asquerosa que gostei foi o segundo, o de 86. E sobre "Predador", o que dizer? Que eu saiba, foi só uma chance lucrativa pro Schwarzza imitar o Rambo. Aliás, é sinal dos tempos que algo tão medíocre tenha virado clássico. Mas claro que pra tudo na vida existem fãs, e é hilário ouvi-los falar contra "AVP": "Putz, desperdiçaram uma idéia fantástica!". Então lá fui eu presenciar uma guerra entre duas espécies ridículas, torcendo pela total extinção de ambas. Mas o duelo mais tenebroso da sessão não era entre a Coisa Gosmenta (Alien) versus o Troço Cabeludo (Predador), mas entre o carinha do meu lado que não era rápido suficiente pra ler as legendas e a patricinha da frente que decidiu narrar seu dia no cabeleireiro pra amiga. E enquanto o negócio ia acontecendo na tela eu ia pensando: se não assusta nem faz rir, por que assistir um filme desses? Como tava todo mundo conversando no cinema mesmo, expus minha dúvida pro maridão, que respondeu: "Pra saber mais sobre as origens das pirâmides". É, o terror se passa numa pirâmide lá no fundo da Antártica (melhor não entrar em detalhes), onde parece que um bando de Facas Ginzu (Predadores) cultivou, vamos dizer assim, outro bando de Ácidos Efervescentes (Aliens) pra poder caçá-los, como se fosse um rito de passagem. Mas tanto as criaturas bobonas quanto as babonas só surgem depois de mais de meia hora de exposição de gente que cedo ou tarde vai virar ração de Aliens ou Predadores, depende de quem chegar primeiro. E a gente sabe de cara quem é a humana que vai sobreviver. Resta saber se ela é virgem, como nos filmes de terror teen.
Os gigantes de trancinha rastafari e os nojentões que agem no estômago se empanturram de humanos, seguindo o slogan "é impossível comer um só". Mas esse banquete não acontece bem à vista, porque "AVP" foi picotado nos EUA pra obter uma classificação que permitisse que seu público-alvo – meninos de até 13 anos – pudesse entrar. Dizem as más línguas que Paul W. S. Anderson, diretor deste e de outros videogames como "Resident Evil" e "Mortal Kombat", ficou revoltado com o estúdio e vai lançar em DVD sua versão do diretor. Mal posso esperar. Sabe, pelo menos na guerra estúpida entre Freddy vs. Jason um deles podia falar, e ficava fazendo piadinhas (sem graça, é verdade) entre um e outro esguicho de sangue. Aqui em "AVP" a gente só escuta sons de coisas se derretendo. E, claro, a voz do lerdinho perguntando pro colega: "O que que tava escrito na legenda mesmo?". Eu entendo. Num filme desses, se a gente perde uma legenda, a gente perde metade da história.
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