CRÍTICA: INCRÍVEL HULK / Troco grande bicho verde por um Edward Norton menor
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CRÍTICA: INCRÍVEL HULK / Troco grande bicho verde por um Edward Norton menor


Edward Norton é um grande ator, além de bonitinho. Mas ele não parece estar se divertindo em Hulk nem a metade do Robert Downey Jr. em Homem de Ferro.

Eu gostaria de comparar o Incrível Hulk com o Hulk do Ang Lee de apenas cinco atrás, mas pra isso teria que me lembrar dele. E suspeito que, daqui a um mês, eu também já terei me esquecido deste. Mas, por enquanto, antes que ele se apague totalmente da memória, eu até gostei. Tem um bom ritmo, e as cenas não-hulkentas, ou seja, sem a presença do abominável bicho verde, são interessantes. O quê? Aposto que não sou a única mulher do mundo a ir ver Hulk pra ver o Edward Norton. Aliás, não entendo por que o Hulk é considerado um super-herói, se até seu alter-ego e criador, Bruce Banner, quer se ver livre dele. Cada vez mais tenho a impressão que Hulk só é herói porque representa o que muitos pré-adolescentes franzinos gostariam de ser – uma montanha de músculos, que podem ser adquiridos com anabolizantes ou raios gama, tanto faz. E se ocorrer esse indesejável efeito colateral de ficar verde e impotente no processo, paciência.

Começa com o Bruce refugiado na Rocinha, tentando controlar sua raiva através de técnicas respiratórias. O filme não fala que a Rocinha fica no Rio. Eu senti que eles fizeram o máximo pra americano pensar que a favela fica na Amazônia, já que há a imagem de uma floresta enorme bem do lado, e nada de Cristo Redentor ou Baía da Guanabara, símbolos postais cariocas. Porém, no fundo, o filme presta um serviço ao Brasil. Pra começar, exibe um dicionário English-Portuguese. Tudo bem que alguns atores não falam muito bem o português. Um dos antagonistas do Bruce tem o maior sotaque, e o dono da fábrica em que Bruce trabalha, idem (imagino que é porque eles devem ter filmado as cenas da fábrica em Toronto). Chega uma hora em que o exército americano descobre a localização do Bruce, manda procurar “um homem branco” (porque brasileiro deve ser hispânico ou latino pra eles, e essas são consideradas raças não-brancas nos EUA), e invade a Rocinha, sem precisar pedir licença pros traficantes. Pensei que eles iam topar com o pessoal de Tropa de Elite. Pelo menos o exército não mata ninguém, tirando alguns cachorros (chuif). E a favela tá bonita, colorida, cheia de gente boa e corajosa. Pode-se ouvir claramente uma mulher gritar prum milico “Cuidado com as minhas roupas!”.

Daí o Bruce, após ter virado Hulk, acorda no que parece a selva amazônica. Não é. Logo logo a gente descobre que é a... Guatemala. Como que ele foi parar do Rio pra Guatemala em um pulinho eu não sei, mas já é um avanço que ele pare um carro, diga alguma coisa em alguma língua estranha que é pra ser o português, e o motorista responda: “No hablo português”. Olha só o quanto os gringos já estão aprendendo com esse filme! Não apenas que no Brasil não se fala espanhol, como que existe um país chamado Guatemala e que lá não se fala português. Mais um instantinho e o Bruce tá no México. E lá ele compra roupas de uma moça que fala... português. Pô, agora embaralhou de vez a cabecinha dos americanos! Mas sério, compare essa imersão no terceiro mundo com a de Sex and the City. Em Hulk não tem nada disso de “não beba a água”. Bruce bebe água e cozinha numa boa na Rocinha – e isso que ele tá numa favela, não num resort cinco estrelas. Ele até poderia acusar a asquerosa água brasileira de fazê-lo ficar verde, mas não.

Agora, se alguém achar que a Rocinha é desrespeitada de alguma forma, ou vira parquinho de diversões do exército americano, precisa ver o que fazem com Nova York. É nessa cidade que não dorme nunca que dois monstros decidem brincar, como se fosse seu playground particular (e bem na rua 120 com Broadway, pertíssimo de onde ficamos por lá). Eu tava esperando que chegasse o Cloverfield e sem querer pisasse nos dois. Há uma longa sequência de luta entre os dois brutamontes, e essas cenas de ação deixam muito a desejar. Não dá pra ver nada direito e é tudo muito rápido. Segurou o meu interesse tanto quanto em Transformers, porque a idéia é a mesma: dois ferros-velhos disputando território. Soninho, né?Leia mais comentários meus sobre o Incrível Hulk aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.





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