CRÍTICA: MULHERES PERFEITAS / Crítica chata para um filme sem sentido
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CRÍTICA: MULHERES PERFEITAS / Crítica chata para um filme sem sentido


Se você acha que “Mulheres Perfeitas” é só mais um filme com a Nicole Kidman, se ao ouvir o título original, “The Stepford Wives”, você responda “é a sua!”, e se você ainda não viu o negócio, não leia este texto. Porque eu tenho que contar algumas coisinhas. Você foi avisado.

Assim, a história de “Stepford Wives” ficou tão famosa nos EUA que o termo em si virou sinônimo de esposas super maquiadas que só vivem pros seus maridos. Sabe, as nossas mulheres de Atenas. O livro do Ira Levin é de 72, e é gostosinho de ler, mas sinto que tava datado já naqueles tempos . Toda a trama parece ser uma mistura inferior de “Invasores de Corpos” com “O Bebê de Rosemary”. É um suspense sobre uma cidadezinha onde uma associação de homens faz com que todas as mulheres sejam substituídas por robôs peitudos que adoram cuidar da casa e que jamais vão alegar que estão com dor de cabeça quando o maridão estiver a fim. Ou seja, a idéia original é uma afronta aos machos, né? Tá insinuando que eles prefeririam ter um robô gostosão que uma mulher de verdade. O livro tá fora de época porque nenhuma moça trabalha. As mais independentes, pré-robotização, só têm hobbies. Mas “Stepford” mantém o clima de suspense e tem toquezinhos legais, como mostrar um desenhista, uhm, desenhando (é o que eles fazem melhor) as vítimas.

Aí, em 75, adaptaram o livro pra um suspense bem-sucedido com a Katherine Ross no papel central. Eu só vi o filme uma vez e faz muito tempo, não lembro de quase nada, só que ele era bonitinho. Assustava, cumpria seu objetivo. E agora decidiram refilmar tudo, e virou “Mulheres Perfeitas”.

Hoje as mulheres trabalham, não necessariamente porque querem, mas porque precisam. Então, como fazer de “MP” algo atual? Bom, a solução foi fazer com que ninguém trabalhasse, nem homens nem mulheres. E transformaram o suspense numa comédia. O problema é que não é muito engraçada. E o pior é que o roteiro é do Paul Rudnick, que não é ninguém mais ninguém menos que a Libby Gelman-Waxner, minha crítica favorita. Ele já tinha feito “Será que Ele é?” com o Frank Oz, que também dirigiu “MP”. Só que, pro filme funcionar, teria que ser bem mais corrosivo e histérico.

Na verdade, todas as atrizes de Hollywood parecem Stepford Wives, pelo menos na aparência – todas loiras, magérrimas mas com peito, pele perfeita, sempre penteadas. A Nicole Kidman, que faz aqui a protagonista, é igualzinha a uma até antes de ser substituída. Ela não tá bem no papel não. Claro que o Matthew Broderick, que faz o marido dela, tá pior. Nunca vi o Matthew tão perdido num filme. O Christopher Walken tá desperdiçado, a Bette Midler também, e só quem se salva um pouquinho é a Glenn Close. Viu que elenco fantástico? Tudo isso pra produzir algo tão meia-boca.

Mas tudo que é ruim pode piorar. O final, por exemplo, ou eu deveria dizer, os finais. Há vários. Afinal, as mulheres de Stepford são robôs ou têm um micro-chip implantado no cérebro que as faça agir de forma tão passiva? O filme não se decide. Dá a impressão que “MP” foi lançado de qualquer jeito, sem se definir. Mas agora, pensando melhor, acho que o troço todo foi feito pro público gay americano. Tem a Bette Midler, diva deles, tem um casal gay, tem um visual caprichado... Talvez eles gostem. Se você não é gay (tudo bem ser gay) nem americano (Deus te livre!), provavelmente não vai gostar do filme. Ah, e desculpe a total falta de inspiração, hoje não tava a fim de escrever.





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