CRÍTICA: MULHERES DE VERDADE TÊM CURVAS / Nossa auto-estima também
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CRÍTICA: MULHERES DE VERDADE TÊM CURVAS / Nossa auto-estima também


Por incrível que pareça, em Buenos Aires nem todos os cinemas viraram igrejas e bingos ou ficam dentro de shoppings, e talvez por isso o preço do ingresso esteja mais acessível, entre R$ 3,50 e R$ 7. Lá vi três filmes, todos distantes do Oscar, graças a Deus. Um deles foi o americano independente “Mulheres de Verdade Têm Curvas”, dirigido pela colombiana Patricia Cardoso. Parece que o filme já ganhou dúzias de prêmios por aí, inclusive em Sundance, mas nunca tinha ouvido falar dele. A história é menos um libelo à liberdade das formas físicas do que pode aparentar, embora seja isso também. Fala de uma menina gordinha de 18 anos na Califórnia, filha de mexicanos, que adoraria ir à faculdade mas tem que trabalhar, ajudando a irmã no seu minúsculo atelier de costura. A irmã, igualmente acima do peso, faz lindos vestidos de 18 dólares que serão vendidos para moças esguias na Bloomingdale’s por US$ 600. A mãe das duas, também gorda, faz questão de lembrá-las diariamente o quanto destoam do padrão de beleza, e morre de medo que elas não arranjem marido. É um bom exemplo de como uma sociedade matriarcal não é necessariamente melhor ou menos machista que a patriarcal de costume.

“Mulheres” é engraçado e comovente (chorei baldes, pra variar), mas definitivamente não tem nada de hollywoodiano. A irmã não fica rica trabalhando, e falta aquela cena obrigatória da protagonista vestindo o traje especial que vai transformá-la em cisne. Mas mesmo assim é um filme pra cima, desses que dão um pouco de auto-estima às mulheres, principalmente às gordinhas (porque eu sempre imaginei que as magras não têm com que se preocupar, mas amigas-palito me relatam que a pressão da sociedade é grande. Contam que várias pessoas olham pra elas e perguntam: “Você está doente?!”. Então talvez todas nós sejamos vítimas do patrulhamento, de um jeito ou de outro. E claro que quem patrulha mais é do sexo feminino, ó vida). A mocinha do filme diz que, por um lado, gostaria de emagrecer. Mas que, por outro, os quilos a mais são sua forma de dizer “dane-se” ao mundo. O quê, você pensava que era com tatuagens e penteados?! Tolinho(a)...

Talvez o melhor de “Mulheres” é nos fazer lembrar o quanto o cinemão e a publicidade do dia-a-dia estão longe da realidade. Minha cena favorita mostra as costureiras – todas gordas, todas latinas – tirando a roupa por causa do calor e comparando as estrias. Pois é, mulheres de verdade têm estrias, celulite, pneus, rugas, empregos... Vale a pena se odiar por isso? E o pior é que os homens nem ligam. Taí um ótimo filme pra se ver no meio das comemorações do Dia Internacional da Mulher, né?





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