CRÍTICA: NEM TODAS AS MULHERES SÃO IGUAIS / Nem todas as produções independentes vão pro céu
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CRÍTICA: NEM TODAS AS MULHERES SÃO IGUAIS / Nem todas as produções independentes vão pro céu


Como identificar um filme independente americano? Fácil. Ele deve conter uma dessas coisas, ou uma combinação delas: a) sujeito vomitando de frente pra câmera, com todos os detalhes escabrosos; b) segmentação de mercado excessiva (tipo: filme para esquimós gays na faixa dos 25 anos veraneando na Califórnia); ou c) nu frontal masculino. Felizmente, "Nem Todas as Mulheres são Iguais" não é chegado à escatologia, se bem que quando um dos personagens menciona que sente-se nauseado ao andar de carro, eu temi pelo pior.
"Nem Todas", a história muito chinfrim de uma escritora que reavalia seu casamento ao redigir um romance erótico sobre séculos passados, tenta atingir vários nichos. Tem beijo de homem com homem, mulher com mulher (como disse uma aluna, quem colocou na cabeça chauvinista que nós mulheres temos o mínimo interesse de conhecer biblicamente as pessoas do mesmo sexo?), e até entre casais heterossexuais, esta minoria. Essa variedade serve para nos recordar que estamos assistindo a uma produção cabeça, não a um desses filminhos que Hollywood fabrica a dúzias. Quando a gente começa a titubear "qual a diferença, meu Deus?!", aparece um close de pênis. Um, não. Vários. Nem todos os atores devem ter topado se expor, então há também estátuas viris. Isso em intervalos estratégicos, como se o diretor estivesse gritando pra gente: "viu como isto é cinema independente?!".
É claro que não vou me queixar quanto às imagens. Mas talvez o tradutor tivesse acertado mais a mão se colocasse o título em português "Nem todos os homens são iguais". Há divergências, anatomicamente falando.
Outro ponto a comprovar que este é um típico exemplar do cinema livre, leve e solto é que a atriz principal, Parker Posey, é a musa dos emancipados. Acho que ela representa pras produções independentes o que o Wilson Grey significava pro cinema brasileiro: ela está em todas. Se você imagina que nunca a viu, ela participou do mainstream "Mensagem para Você", aquele filme não recomendado para diabéticos.
"Nem Todas as Mulheres São Iguais" tem uma única piada, que aparece antes dos créditos inciais. Uma americana vai a Paris decidida a perder sua virgindade com um francês. Encontra um homem na rua, leva-o pra cama. Depois do fato consumado, descobre que o cara é inglês. Se você não captou o humor, vale mencionar que os britânicos não contam com uma reputação sexual das melhores. Quer dizer, quando a gente pensa na Inglaterra, pensa em chá, rainha, pontualidade. Confesse: foi ou não foi um choque saber que o príncipe Charles queria ser o Tampax da sua amante?
Ah, tem também piadinha fácil sobre dentista, esta carreira mal compreendida. Nada que você não tenha visto em "A Pequena Loja dos Horrores", com o Steve Martin impagavelmente sádico. Convenhamos: ninguém torna-se dentista por amor à profissão. Vamos ver quem mais eu posso ofender hoje...
É tudo fraquinho – o roteiro, os diálogos, as interpretações, a edição, o ritmo. Menos a Brooke Shields, que dá o ar de sua graça por alguns instantes. Dela pode se dizer tudo, menos que seja fraca. Ela está mais musculosa que o Schwarza. Deve ser de tanto jogar tênis, imagino.
No final, podemos observar que o diretor (um tal de Brian Skeet) dedica a obra à memória de alguém com seu sobrenome. Provavelmente sua mãe ou esposa, ou qualquer um que tenha morrido durante a projeção do filme. É sacrifício pra ninguém botar defeito. Da próxima vez, uma homenagem póstuma ao espectador anônimo também seria bem vinda.
"Nem Todas" é uma comédia de erros, e põe erro nisso. É parecidíssima com qualquer outro filmeco que você tenha visto ultimamente. A diferença está nas cifras, tanto no custo quanto na arrecadação. Há outros detalhes menos sutis que tentam nos convencer que esta é uma produção original. Em vão. "Nem Todas", no fundo, não passa de uma comédia romântica – com pênis




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