CRÍTICA: O DIABO VESTE PRADA / O inferno tá cheio de mulheres magrinhas
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CRÍTICA: O DIABO VESTE PRADA / O inferno tá cheio de mulheres magrinhas


Estreou “O Diabo Veste Prada”, que só confirma a minha tese: o inferno deve estar cheio de mulheres magérrimas. Confesso que não sou a pessoa adequada pra comentar esse tipo de entretenimento. Sou a única mulher que conheço que não tem orelha furada e nunca pintou as unhas. O movimento que criei e que até hoje só meu cachorrinho aderiu é o Hedonismo sem Consumismo. Ou seja, tudo é permitido, respeitando os outros, mas tentando gastar o mínimo possível. Pois é, eu sei. Sou uma dinossaura. Mas só queria destacar que no meu primeiro emprego em Joinville minha bolsa velhinha chamou tanto a atenção que no meu aniversário ganhei logo duas. Não sei se você tá me entendendo. Quando o pessoal do filme olha os sapatos da heroína em desaprovação, isso não é nada! Eu visto Moleca Comfort (quando não calço chinelos). No longo monólogo sobre como a moda afeta as nossas vidas, eu só fiquei pensando: perdão, a minha não. Eu não uso nem jeans!

Então, pra mim, ver um filme sobre moda é como folhear um compêndio de astrologia. Não me afeta. Não li o livro, mas li que a autora fala muito mal da sua chefa, a editora da Vogue. Aqui não dá pra falar tão mal porque essa chefa é interpretada pela Meryl Streep, uma senhora atriz que todo mundo adora. Ela faz o tipo “ocupada demais pra dizer bom dia, por favor e obrigada”, mas como é um modelo de eficiência, tudo bem. Na realidade, o personagem principal não é o da Meryl. É o da Anne Hathaway (só vi o trailer de “Diários de Princesa”, mas poderia jurar que ela tá repetindo seu papel). E a maior atração não é, de forma alguma, falar mal da moda, que isso equivaleria a cuspir no prato. É a transformação. Do patinho feio ao cisne, proporcionando um amplo desfile. Ajuda que o patinho feio em questão seja alto, magro, e branco. Basta um novo corte de cabelo e umas roupas chiques e pronto, até a Gisele Bundchen (que eu não reconheci) faz elogios. Milhões de garotas topariam servir a Meryl, acordar às cinco da manhã, dispensar o namorado, sei lá, doar um rim, pra ter esse emprego.

Menos a Anne, tadinha. Como ela tá no meio do mundinho fashion, onde a aparência é tudo, ninguém pode ver que bela alma ela tem. Não lhe resta nada a fazer a não ser virar princesa. Claro que é um insulto pra espectadora de carne e osso que a Anne, magra que só ela, seja chamada de gorda durante todo o filme. Quando o Stanley Tucci diz pra ela que não deve ter nada do seu tamanho (40), ele não tá brincando. Não existe mesmo. Nem 38. Todas as modelos devem vestir 36 e, agora, 34, medida de pré-adolescente, não de mulher adulta. E tem mais: na fase “depois”, todos dizem como a Anne tá linda. Ué, mas ela não era obesa? Quer dizer que, no mundo fashion, dá pra ser linda e enganar todo mundo usando manequim 40? Se isso for verdade, por que a ditadura da moda insiste que mulher tenha quadril de criança? Por que a Anne baixa o seu número (melhor nem perguntar “como”)?

Só não tenho certeza se ela era feliz antes da transformação, com um namorado-mala que não dá a mínima pro seu trabalho e com uma melhor amiga que faz escândalo porque um carinha a beija no rosto. Enfim, as partes sem a Meryl em cena perdem o interesse. Se bem que é a assistente, não a Meryl, a verdadeira vilã da história: rude, invejosa, feia, sem sequer ser competente. Mas não se preocupe que ela é punida por isso, até fisicamente.

Tá certo que “Diabo” é superior à “Prêt-à-Porter” (um lixo total), só não dá pra fingir que seja crítico ao mundinho fashion. O mundinho retratado é competitivo, porém angelical. Não tem palavrão, anorexia, bulimia, drogas... Ninguém nem fuma, e os estilistas não são gays. As meninas podem continuar sonhando em fazer parte desse universo sem problema, com o aval das mães. Quanto a mim, eu seria barrada pelo porteiro do prédio. E acho que teria orgulho disso.





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