CRÍTICA: SEXTA-FEIRA 13, PARTE 11 / O velho Joça ataca pela última vez
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CRÍTICA: SEXTA-FEIRA 13, PARTE 11 / O velho Joça ataca pela última vez


Não queria contar o filme, mas ela morre (porque está de topless).

Estou me apose
ntando: acho que Sexta-Feira 13, Parte 11 é o último filme de terror desse tipo que eu assisto. Não tenho mais (eu ia dizer estômago, mas a verdade é que é outra coisa) saco pra essas produções sem nenhuma razão de ser. Elas não assustam, não divertem, logicamente não fazem pensar. Não consigo imaginar outra razão pra elas existirem além da clássica “fazer dinheiro pros produtores”. É uma fórmula baratinha e eficiente: pegue atores desconhecidos e ponha um grandalhão mascarado e um punhal no mesmo cenário. Pronto.
Eu vi muitas Sextas Feiras 13 na minha vida. Vi a última, mais ou menos, se considerarmos Freddy vs. Jason uma delas. Vi Jason X (que o pessoal chamou de Jason Xis, não Jason Dez). Tirando a 7, 8 e 9, que eu devo ter pulado, imagino que vi todas. E, pra ser franca, nenhuma é boa (acho que gostei mais da terceira, porque era em 3D). Não que eu creia que Halloween (que deu origem ao gênero slasher, que é isso de um serial killer sair por aí matando jovens, sem motivo algum) seja grande coisa. Mas pelo menos os primeiros minutos de Halloween, com a câmera subindo a escada, já são melhores que os onze Sextas Feiras juntos. No fundo, não é fácil pra essa espécie de filme continuar retornando. O gênero já foi estudado exaustivamente e concluiu-se o que hoje parece óbvio: é um tipinho ultra-conservador, em que sexo e drogas são punidos com a morte. É uma festa pros nerds, que podem se vingar da gostosona que nunca lhe deu bola na escola, ou do atleta (jock, em inglês) que batia nele. Todos vão morrer. É vero que os nerds morrem também, mas o que importa é que Jason não morre jamais. E esses filmes permitem uma interatividade fantástica. Graças à máscara de hóquei que cobre a cara do vilão/herói, o espectador pode se imaginar no lugar dele. Ainda melhor: a câmera nos mostra o ponto de vista dele. É como se fosse um videogame, em que o espectador se sente como se ele próprio estivesse retalhando toda aquela gentinha que o tratou mal.
Pânico (Scream) explicou, numa linguagem acessível, o que os acadêmicos diziam. Como seguir mostrando moças correndo semi-nuas na floresta depois disso? Houve uma desmoralização, e chegou um novo gênero, o do torture porn de Jogos Mortais, Albergue e afins, que é bem diferente de Sexta Feira, porque não tem humor algum e não quer assustar, só chocar. Acontece que Jogos Mortais (que é muito mais bem-sucedido em termos de bilheteria que qualquer slasher film) veio pra ficar. Logo logo chegaremos ao Jogos Mortais 11, não duvide (eu parei no três, obrigada). Pra tentar atrair esse público, Sexta Feira trata de focalizar mais membros cortados. Menos humor, mais sadismo. Não funciona. Outro problema é que o público pra esse programa é adolescente. Os de hoje não estavam vivos em 1980, quando a série começou. E os daquela época se cansaram desses filmecos faz tempo. Logo, cada filme precisa começar do zero.
E a franquia finge que não sabe de nada. É tudo repetido: o Jason mora no acampamento Crystal Lake, jovens vivem indo pra lá pra transar e fumar maconha, e o Joça vai matar todos eles, ué (tirando a mocinha virgem que imita a mãe, e temos aí a clara dicotomia entre santa e p*** - as p***s são as dezenas de mulheres que aparecem na série exibindo os seios). É só o pessoal deixar de acampar lá que o Jason deixa de matar. Então em todo episódio temos alguém contando pros outros sobre o legado de Jason, e todo mundo dizendo: “Imagina, você tá de sacanagem!”. Ninguém nunca viu um dos onze Sextas Feiras 13.
Este aqui é ainda mais racista e classista que de costume. Há um único asiático (o menino de Quebrando a Banca) e um único negro, e evidentemente eles não comem ninguém. A série reforça todo o sistema estúpido do high school americano, em que líderes de torcida só transam com carinhas ricos e brancos. Blergh. Aproveita e degola os produtores dessas besteiras também, Jason.
Não entendo por que andam dizendo que esse troço é uma refilmagem. Não é. Até pode ser nos primeiros três minutos, mas depois a legenda diz “época atual”, que deve ser 2009. E aí é só pretexto pra novos jovens caírem nas mãos do mascarado, que parece ser uns cinco, porque está em vários lugares ao mesmo tempo. Um tédio. Fora isso, ele corre rapidinho (esqueceram que ele já foi morto e remorto umas onze vezes?), aprisiona uma vítima, e usa arco e flexa. Desde quando o Jason é assim? Bom, não importa. Eles que façam mais onze Sextas Feiras e fisguem os teens de hoje, que nunca viram mais de um ou dois exemplares. Ainda não descobriram que estão sendo enganados. Enfim, se não vão aposentar o Joça, me aposento eu. Foi o último.




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