Cunha, Gilmar, Paulinho: o trio golpista
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Cunha, Gilmar, Paulinho: o trio golpista


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Por Altamiro Borges

A Folha estampou mais um título terrorista nesta terça-feira (14): "Cunha discute impeachment com ministro do Supremo". Já a reportagem, assinada por Marina Dias e Natuza Nery, dá alguns detalhes desta suposta conspiração golpista. "O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reuniu-se com o ministro do STF Gilmar Mendes e com o deputado Paulinho da Força (SD-SP), dirigente da segunda maior central sindical do país, para avaliar, entre outros temas, os cenários da atual crise política, incluindo um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O encontro, um café da manhã na residência oficial da Presidência da Câmara, se deu na última quinta-feira (9)".

Ainda segundo as especulações do jornal tucano, "o agravamento da crise foi discutido em detalhes. Os presentes fizeram uma primeira avaliação do cenário no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), onde a chapa de Dilma é investigada por suposto abuso de poder e financiamento irregular de campanha. Chegaram à conclusão de que um pedido de cassação dificilmente será aprovado no tribunal, cuja corte está dividida sobre o tema. No encontro também foi feito um diagnóstico sobre as dificuldades de abertura de um processo de impedimento na Câmara contra Dilma. A Constituição exige 342 votos a favor para que um pedido do gênero seja aberto".

"Diante disso, Paulinho da Força afirmou, conforme relatos, que um processo de impedimento só iria para frente por meio de um acordo que passasse por quatro pessoas: Cunha, o vice-presidente Michel Temer (PMDB), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente do PSDB, Aécio Neves. Um arranjo desses, segundo os desenhos projetados, resultaria em um 'parlamentarismo branco' a partir de um eventual impeachment: Temer compartilharia o poder com os presidentes da Câmara e do Senado e governaria em uma espécie de triunvirato até as eleições de 2018". O plano golpista, segundo a Folha, só ficaria "maduro" após o TCU julgar as contas do governo. "A tendência é que a corte as reprove, o que abriria caminho para o Congresso analisar o caso".

De imediato, todos os citados na matéria negaram a conspirata. "Procurado, o peemedebista negou ter tratado do assunto. Já Gilmar Mendes, hoje presidente interino do TSE, confirmou que as condições de permanência de Dilma no cargo foram discutidas – porém, diz ele, de forma lateral". Já o Paulinho da Força nem foi procurado para desmentir a trama – já que sua palavra vale mesmo pouca coisa nos dias atuais. Apesar dos desmentidos, é bom ficar esperto. Afinal, onde há fumaça, há fogo. Um café da manhã que reúna o lobista Eduardo Cunha, o sinistro Gilmar Mendes e o líder arrivista da Força Sindical nunca dá boa coisa. Diante da conspirata, vale conferir o artigo demolidor de Luis Nassif;

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Gilmar, Cunha, Paulinho e Aloyzio: os 4 catões da República

14/07/2015

por Luis Nassif, no GNN

Fundada no moralismo mais acendrado, a crise política atual permitiu a ampliação de poder de quatro homens probos. Figuras símbolos de um período em que o país purga seus pecados e consagra os virtuosos.

O primeiro é Gilmar Mendes, Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal). Gilmar tem por hábito montar seminários do IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público) contando com patrocínios de grandes grupos com causas no STF. Nunca se declarou impedido nem de solicitar os patrocínios nem de julgar as causas.

Mas não o julguem mal por isso. Só um homem extremamente probo – como ele – pode se dar ao luxo de arrostar o pecado sem pecar. É o Santo Antão do Supremo.

O segundo é Eduardo Cunha, presidente da Câmara. Esse é um probo injustamente acusado pelo Ministério Público Federal, que confundiu propina com pagamento de dízimo.

O terceiro é Paulinho da Força. Foi injustamente acusado de receber propinas para impedir a continuação de uma greve no canteiro de obras do pagador. Não foi nada disso. Provavelmente trata-se de um prêmio em dinheiro concedido ao “ao pacificador do ano”, pela inexcedível contribuição à paz social no país. É o nosso Ghandi redivivo.

No encontro dos três – Gilmar, Cunha e Paulinho – a Folha supôs que o tema principal fosse o impeachment de Dilma. Mas Gilmar esclareceu que “o tema central da conversa foi o Código de Processo Civil”.

Qual o interesse no Código Civil de dois acusados pela Lava Jato? Uma medalha da Madre Tereza para quem adivinhar. Muito provavelmente queriam saber das brechas processuais para estancar os inquéritos. Como, por exemplo, entrar com pedido de habeas corpus em dia de plantão de Gilmar Mendes no STF. Afinal, Gilmar é um conhecido “garantista”.

O quarto é o senador Aloyzio Nunes. Acusado de receber doações da UTC, foi categórico: “é uma acusação kafkiana, porque não tenho nenhuma influência na Petrobras”. A UTC teve obras contratadas pelo governo de São Paulo no período em que Aloyzio foi vice-governador. Mas a troco de quê o repórter vai incomodar o senador com questão tão irrelevante?

Aloyzio é a encarnação de Henry Fonda em “O Homem Errado”, clássico de Hitchcock.

Cada cruzada moralista tem os catões que merece. E não é papel dos jornais decepcionarem os leitores mais sonhadores. Pobre do país que não precisa de catões, dirão os muito crentes.

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